35% dos exoplanetas de tamanho médio podem ser mundos aquáticos
Os seres humanos são feitos principalmente de água. Também vemos água em todo o Sistema Solar: sob as crostas geladas de luas como Encélado e Europa, ou na geologia de Marte, que nos diz que o Planeta Vermelho já foi um lugar muito mais úmido e hospitaleiro do que é hoje. Mas de onde veio a água da Terra? Quais são as origens da água em todo o Universo, incluindo no nosso Sistema Solar, e como a água chegou ao nosso planeta?
O hidrogênio foi criado no Big Bang e o oxigênio nos núcleos de estrelas mais massivas que o Sol. “O Telescópio Espacial Hubble espiou a Nebulosa da Hélice e encontrou moléculas de água. Hidrogênio e oxigênio, formados por diferentes processos, combinam-se para formar moléculas de água na atmosfera ejetada de estrelas moribundas. As origens dos nossos oceanos estão nas estrelas. Enormes quantidades de água, em forma gasosa, existem nos vastos berçários estelares de nossa galáxia“. De fato, moléculas de água existem, por exemplo, em nebulosas como a de Órion na Via Láctea e ainda estão se formando hoje. “A nebulosa de Orion é composta principalmente de gás hidrogênio; outras moléculas são comparativamente raras. Mesmo assim, a nebulosa é tão vasta que cria água suficiente todos os dias para encher os oceanos da Terra 60 vezes”.
As moléculas de água se formam no espaço interestelar por reações químicas entre moléculas de hidrogênio e moléculas que contêm oxigênio, como o monóxido de carbono. O Sistema Solar herdou sua água de grãos interestelares cobertos de gelo na nuvem de poeira da qual o Sol e os planetas se formaram bilhões de anos atrás.
“A origem da água na Terra, ou a razão pela qual há claramente mais água líquida na Terra do que nos outros planetas rochosos do Sistema Solar, não é completamente compreendida. Existem inúmeras hipóteses mais ou menos mutuamente compatíveis sobre como a água pode ter se acumulado na superfície da Terra nos últimos 4,6 bilhões de anos em quantidade suficiente para formar oceanos”. Por exemplo:
- Resfriamento planetário: O resfriamento do mundo primordial até o ponto em que os componentes voláteis exalados foram mantidos em uma atmosfera de pressão suficiente para a estabilização e retenção de água líquida.
- Fontes extraplanetárias: Acredita-se que a maneira mais provável pela qual o planeta Terra herdou sua água foi de asteroides e cometas colidindo com ele. Ao longo de bilhões de anos, inúmeros cometas e asteroides colidiram com a Terra, enriquecendo nosso planeta com água. “Marcadores químicos na água de nossos oceanos sugerem que a maior parte da água veio de asteroides. Observações recentes sugerem que gelo, e possivelmente até água líquida, existe no interior de asteroides e cometas”.
- Minerais hidratados: Vazamento gradual de água armazenada em minerais hidratados das rochas da Terra.
- Atividade vulcânica: A água também pode ter vindo do vulcanismo – vapor de água originário de erupções vulcânicas condensando-se e formando chuva.
Os mundos oceânicos, ou aquaplanetas, como às vezes são chamados, são uma classe de planetas com uma quantidade significativa de água na forma de oceanos, abaixo da superfície (oceanos subsuperficiais) ou na superfície, possivelmente cobrindo todo o planeta. Em nosso sistema solar, a equipe ROW (Roadsmaps to Ocean Worlds) da Nasa definiu que os mundos oceânicos confirmados Enceladus, Titan e Europa são os corpos celestes de maior prioridade a serem atingidos no curto prazo para alcançar as metas do ROW. Esses mundos aquáticos são um alvo particularmente interessante na busca por vida extraterrestre, pois a água é um dos elementos essenciais para a vida (como a conhecemos). Os mundos oceânicos estão, portanto, no topo da lista quando os astrônomos procuram sinais de vida em nossa galáxia Via Láctea.
Aqueles que assistiram ao filme de ficção Interestelar vão se lembrar que o planeta visitado no entorno de um buraco negro era justamente um mundo oceânico. Pode ser atraente imaginar esses exoplanetas como algo saído da ficção científica, completamente coberto de oceanos. No entanto, os pesquisadores pensam que a água nestes exoplanetas existe mais provavelmente em bolsões / oceanos abaixo da superfície ou misturada na rocha.
Mas novos estudos estão revelando que provavelmente existem muito mais aquaplanetas do que pensávamos anteriormente. Se as descobertas feitas através de novos estudos realizados por equipes de cientistas planetários internacionais forem confirmadas, existem muitos mundos fora do nosso sistema solar que fazem nosso planeta parecer totalmente seco. Uma equipe de pesquisadores decidiu dar uma olhada em planetas que orbitam estrelas de classe M (estrelas anãs vermelhas), que são o tipo mais comum de estrela em nossa galáxia e em todo o universo conhecido. Com a ajuda de equipamentos avançados, os astrônomos estão descobrindo cada vez mais exoplanetas em nossa galáxia.
Os cientistas / astrônomos da equipe usam alguns efeitos sutis, como a sombra que é lançada quando um planeta passa na frente de sua estrela (método de trânsito) e o pequeno arrasto no movimento de uma estrela a medida que um exoplanetas circula ao seu redor (método de velocidade radial). “Esses tipos de análises foram feitos em exoplanetas individuais no passado, mas a equipe de pesquisa decidiu analisar toda a população atualmente conhecida”.
A partir dessa avaliação, surgiu um quadro inesperado. Muitas das densidades dos planetas indicavam que eles eram leves demais, em função do tamanho deles, para serem inteiramente compostos de rocha. Em vez disso, esses planetas provavelmente são compostos por uma mistura de água ou outra molécula mais leve e rocha. Mesmo que as evidências sejam persuasivas, prudência é importante e ainda são necessárias mais provas de que alguns desses exoplanetas descobertos realmente são mundos oceânicos. Apesar disso, as novas descobertas têm enormes implicações na busca por exoplanetas que sejam habitáveis.
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