Uma nave especial da NASA vai colidir deliberadamente contra um asteroide para desviar sua trajetória. A iniciativa é do Programa de Defesa Planetária
Ainda em 2021, uma nave da NASA vai colidir deliberadamente contra um asteroide para desviar sua trajetória, esta será a primeira missão no âmbito do programa “defesa planetária”, que tem como objetivo proteger a Terra em caso de ameaça de colisão.
A ideia do programa, apesar de não se conhecer uma ameaça real ao planeta, é preparar a agência para essa possibilidade, afirmou esta quinta-feira Lindley Johnson, do Departamento de Defesa Planetária da NASA:
“Não queremos estar numa posição no qual um asteroide está em risco de colidir com a Terra e nós não estamos devidamente preparados: temos que testar a técnica de desvio!”.
A missão DART (Double Asteroid Redirection Test) vai decolar da Califórnia, a bordo do foguete SpaceX Falcon 9, no dia 23 de novembro às 22h20, para atingir o asteroide dez meses depois, a 11 milhões de quilômetros da Terra.
Colidir mas não destruir
O principal objetivo da missão é atingir o grande asteroide Didymos, com 780 metros de diâmetro, medida que corresponde a duas vezes a altura da torre Eiffel. Dimorphos, de 160 metros de diâmetro, é uma lua que orbita em volta do grande asteroide.
É exatamente nessa lua que a nave vai pousar, sendo cerca de 100 vezes menor do que ela e projetada a uma velocidade de 24.000 km/h o que irá originar o lançamento de toneladas de material.
A ideia “não será destruir o asteroide”, mas sim “atingi-lo para que este mude a sua rota normal”, disse Nancy Chabot, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, que lidera a missão em colaboração com a NASA.
A partir das observações realizadas por telescópios na Terra há décadas, sabe-se que Dimorphos orbita atualmente em redor de Didymos com um valor exato: 11 horas e 55 minutos.
Usando os mesmos telescópios, este período será medido novamente depois da colisão. Nesse caso, talvez sejam “11 horas e 45 minutos, com alguma margem de erro”, disse o pesquisador.
Mas quanto exatamente? Os cientistas não sabem e é precisamente isso o que querem descobrir.
Há muitos fatores que entram em jogo, como o ângulo do impacto, o aspecto da superfície do asteroide, a sua composição e a sua massa exata, todos eles desconhecidos até o momento.
Deste modo, “se um dia descobrirmos um asteroide em rota de colisão com a Terra (…), teremos uma ideia da força de que vamos precisar para que esse asteroide não colida Terra”, explicou Andy Cheng, da Universidade Johns Hopkins.
A órbita ao redor do sol de Didymos, o grande asteroide, também mudará levemente, devido à relação gravitacional com a sua lua, disse Cheng. Mas essa mudança será “pequena demais para ser medida”.
Instrumentos
Um pequeno satélite também estará na viagem. Vai-se separar da nave principal 10 dias antes do impacto e usará o seu sistema de propulsão para desviar levemente a sua própria trajetória.
Três minutos após a colisão, sobrevoará Dimorphos, para observar o efeito do impacto e possivelmente a cratera na superfície.
O custo total da missão é de 330 milhões de dólares (cerca de 1,8 bilhão de reais). Se a experiência for bem-sucedida, “acreditamos que esta técnica poderia fazer parte de uma caixa de ferramentas, que estamos a começar a criar, para desviar um asteroide”, explicou Lindley Johnson.
“A estratégia é encontrar esses objetos não só anos antes, mas décadas antes de qualquer risco de colisão com a Terra”, disse.
Atualmente são conhecidos 27.000 asteroides próximos do planeta azul.