Secretário de Estado americano critica reforma agrária sul-africana e anuncia ausência em reunião do G20, enquanto Trump corta financiamento ao país africano
Em meio a uma crescente tensão diplomática, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou que não participará da cúpula do G20 marcada para os dias 20 e 21 de fevereiro em Joanesburgo, na África do Sul. Em um post na rede social X, Rubio acusou Pretória de “fazer coisas muito ruins”, citando a reforma agrária do país e sua ênfase em temas como igualdade, sustentabilidade e mudanças climáticas. A decisão ocorre no contexto de uma disputa mais ampla entre os EUA e a África do Sul, que inclui o corte de financiamento americano ao país africano.
A reforma agrária e as críticas de Trump
A tensão entre os dois países ganhou força após a aprovação da Lei de Expropriação pela África do Sul, que visa corrigir as disparidades raciais na propriedade de terras, um legado do regime do Apartheid. A lei estabelece a meta de transferir 30% das terras agrícolas de fazendeiros brancos para negros até 2030. No entanto, o presidente Donald Trump acusou o governo sul-africano de “confiscar” terras e “tratar certas classes de pessoas muito mal”, anunciando o corte de financiamento ao país.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, defendeu a reforma, afirmando que “não houve confisco de terras” e que a legislação é necessária para promover justiça social e econômica. O ministro das Relações Exteriores, Ronald Lamola, também rebateu as críticas, comparando a lei sul-africana às leis de domínio eminente dos EUA, que permitem ao governo adquirir propriedades para uso público.
O G20 e as divergências globais
A África do Sul assumiu a presidência rotativa do G20 em dezembro de 2023, com o compromisso de priorizar o desenvolvimento da África e do Sul Global, além de enfrentar os impactos das mudanças climáticas. No entanto, essas prioridades colidem com a política de “América em Primeiro Lugar” de Trump, que tem se oposto repetidamente à cooperação internacional em questões climáticas e ao multilateralismo.
Ramaphosa convidou Trump para uma visita de estado e para a cúpula do G20 em 2025, quando os EUA assumirão a presidência do grupo. No entanto, a atual crise diplomática sugere que as relações entre os dois países podem permanecer tensas no futuro próximo.
Um embate de visões e valores
A disputa entre os EUA e a África do Sul reflete um embate mais amplo entre diferentes visões de mundo. Enquanto Pretória busca promover justiça social, igualdade e sustentabilidade, Washington prioriza seus interesses nacionais e critica iniciativas que considera contrárias aos seus valores. O boicote de Marco Rubio ao G20 e o corte de financiamento anunciado por Trump destacam a complexidade das relações internacionais em um mundo cada vez mais polarizado. Enquanto isso, a África do Sul segue firme em sua agenda, defendendo a reforma agrária e o desenvolvimento do Sul Global como pilares fundamentais para um futuro mais justo e equilibrado.
