Negação do negacionismo: Pazuello se exime de culpa pelo colapso em Manaus; governistas querem ouvir Malafaia

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Flávio Bolsonaro sugeriu a convocação de Silas Malafaia para ser ouvido pela CPI da Covid. Segundo ele, o pastor “fala diariamente” com o presidente, influenciando nas suas decisões durante a pandemia

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello voltou a eximir o governo federal de qualquer responsabilidade pelo colapso em Manaus em janeiro. Na continuação do seu depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (19), ele atribuiu a falta de oxigênio nos hospitais à secretaria municipal de saúde. Pazuello também afirmou que o aplicativo TrateCov, iniciativa do ministério adotada na capital amazonense, teria sido “roubado”, em mais uma tentativa para evitar ser responsabilizado.

“Vejo duas responsabilidades muito claras. Uma começa na empresa que consome sua reserva estratégica e não informa de maneira clara. E também da secretaria de saúde”, afirmou o general. “Fomos muito proativos”, acrescentou Pazuello, sobre a atuação do ministério na crise em Manaus.

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O senador Eduardo Braga (MDB-AM) rebateu as alegações. Ele destacou que diante do colapso, agravado pelo fechamento de dois hospitais de campanha em Manaus – um municipal e outro estadual –, chegou a solicitar uma intervenção federal na Saúde do seu estado. Mas esse pedido, segundo Pazuello, foi negado em uma “reunião de ministros”, após ouvir explicações do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC).

O parlamentar afirmou, entretanto, que o risco de desabastecimento de oxigênio era de conhecimento público desde o dia 6 de janeiro, antes mesmo da equipe de Pazuello desembarcar em Manaus dois dias depois. “O governo não providenciou avião para buscar oxigênio na Venezuela. Nem oxigênio líquido na quantidade necessária. Vidas importam, ministro. Que fique claro, o ministério sabia, sim, que ia faltar oxigênio. E Não tomaram providências para resolver o problema.”

TrateCOV

Sobre o aplicativo criado pelo ministério que recomendava a prescrição de hidroxicloroquina até mesmo para o tratamento de bebês e gestantes, Pazuello afirmou que a plataforma ainda estava em desenvolvimento. Além disso, ele disse que a plataforma teria sido “roubada”. “No dia que descobrimos que foi hackeado, eu mandei tirar do ar imediatamente”, afirmou o ministro.

“O hacker é tão bom que ele conseguiu colocar o aplicativo em uma matéria na TV Brasil”, ironizou o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da Comissão. Da mesma forma, ele citou o fato de que o aplicativo, iniciativa da secretária Mayra Pinheiro – conhecida como “capitã cloroquina”–, foi anunciado em evento oficial em Manaus. “Tudo que poderia ter sido para usar o povo amazonense de cobaia foi feito”, disse o senador.

Empurrando a cloroquina

Na sequência, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), mostrou um vídeo com uma série de governadores de oposição apoiando o uso da cloroquina. Contudo, as declarações são de março e abril do ano passado. Em maio, após diversos estudos científicos apontando a ineficácia do medicamento contra a covid-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a suspender testes realizados com o medicamento, apontando por questões de segurança. No entanto, apesar das evidências, o governo Bolsonaro manteve a indicação de uso do medicamento. “Estamos muito tranquilos e serenos em relação a nossa orientação”, disse a secretária Mayra na ocasião.

Os integrantes também reagiram, contudo, à manobra de Rogério. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), alegou que o colega estava faltando com a verdade, ao utilizar as declarações de forma extemporânea. Aziz também retrucou. “Uma coisa que evolui com uma rapidez muito grande é a ciência”, declarou. “Bolsonaro não evoluiu. O presidente ainda defende o uso do medicamento”, frisou o presidente da CPI.

Em meio ao bate-boca, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) reclamou das acusações contra o presidente. Em especial, ele contestou a tese de que haveria um gabinete paralelo que aconselharia o presidente Jair Bolsonaro nas ações de saúde durante a pandemia. Outro filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), é apontado como integrante desse grupo. Inclusive, teria participado de reunião com executivos da farmacêutica Pfizer para tratar da compra de vacinas.

Flávio destacou então que o pastor Silas Malafaia “fala diariamente e influencia o presidente”. Nesse sentido, ele sugeriu sugeriu que Malafaia fosse ouvido pela CPI. “Será que vão ter coragem de convocar?”, provocou o filho do presidente. O pedido de convocação foi então formalizado pelo senador Marcos Rogério, e deverá ser apreciado pela Comissão. Na sequência, Aziz suspendeu os trabalhos, em função do burburinho entre os senadores.

Rede Brasil

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