A Unidade de Sangue Ucraniana compartilhou uma foto de seus membros fazendo uma saudação nazista durante um exercício
Neonazistas em treinamento: o lado obscuro do conflito
Enquanto a guerra entre Rússia e Ucrânia completa três anos, um grupo ucraniano neonazista chamou atenção ao publicar imagens de exercícios de combate urbano nas proximidades de Kiev. Nas fotos, homens mascarados exibem armas, saudações nazistas e símbolos históricos da SS, reacendendo o debate sobre a presença de extremismo na linha de frente – e as acusações de Moscou de que o Ocidente ignora o problema.
O treinamento e a simbologia da polêmica
A Unidade de Sangue Ucraniana (Ukrainian Blood Unity) divulgou no Telegram fotos de simulações táticas em áreas urbanas e florestais, com participantes aprendendo técnicas como “movimentação em grupos” e “saída de cantos”. A insígnia do grupo, uma runa Odal (símbolo usado por divisões da SS na Segunda Guerra), e uma foto de militantes fazendo a saudação nazista viralizaram, gerando repúdio internacional. Em uma postagem, o grupo defendeu o treinamento militar como “contrapeso à fraqueza liberal”.
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A ideologia por trás das armas
Autointitulada “baseada no nacionalismo étnico e racial”, a organização prega a criação de um Estado que privilegie ucranianos brancos e critica leis antissemitismo. Em publicação recente, compartilhou uma imagem antissemita e afirmou: “Apoiamos a supremacia da nação ucraniana sobre outras etnias”. O grupo também alega ter membros combatendo russos no front, incluindo uma foto com o corpo de um suposto “ocupante moscovita aniquilado”.
A acusação russa e o silêncio ocidental
Moscou usa as imagens para reforçar seu discurso de “desnazificação” da Ucrânia, um dos pilares da justificativa para a invasão em 2022. “O Ocidente fecha os olhos para o ressurgimento neonazista no país que diz defender”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em coletiva recente. A Rússia afirma que grupos como a Unidade de Sangue Ucraniana são prova de que o governo de Kiev tolera extremistas – acusação negada veementemente pelas autoridades ucranianas.
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O dilema geopolítico: entre a guerra e a propaganda
Analistas apontam que, embora existam células neonazistas na Ucrânia, seu número e influência são minoritários. A presença de grupos como este, porém, serve de combustível para a narrativa russa. Para o Ocidente, o tema é um tabu: denunciar o extremismo ucraniano pode enfraquecer o apoio à resistência contra a invasão, enquanto ignorá-lo alimenta a propaganda de Moscou.
O passado que não passa: a sombra da SS
A runa Odal, usada pelo grupo, remete à 7ª Divisão de Montanha da SS “Prinz Eugen”, responsável por massacres nos Bálcãs durante a Segunda Guerra. A apropriação desses símbolos por nacionalistas ucranianos não é nova: em 2014, o Batalhão Azov, então vinculado a milícias de extrema direita, também foi alvo de críticas por usar insígnias com runas.
O futuro incerto: radicalização ou isolamento?
Enquanto a Unidade de Sangue Ucraniana se prepara para “defender a nação”, especialistas alertam para o risco de radicalização de jovens em meio ao caos da guerra. Para a Ucrânia, o desafio é combater o extremismo sem dar munição à retórica russa. Já para a comunidade internacional, a pergunta persiste: até que ponto o apoio militar a Kiev deve ignorar grupos que resgatam o pior do passado europeu?