Amedrontados, eleitores seguiram as ordens do prefeito bolsonarista. A Procuradoria Eleitoral do estado abriu investigação.
Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) foram flagrados assediando eleitores que recebem o Auxílio Brasil a votarem no presidente em troca da manutenção do benefício. As imagens foram ao ar na noite da terça-feira (1), no Profissão Repórter, da TV Globo.
A reportagem conduzida pelo jornalista Caco Barcellos, apresentador do programa, gravou as cenas de tentativa de compra de votos em Coronel Sapucaia (MS), na fronteira do Brasil com o Paraguai. As câmeras mostraram uma reunião na antevéspera da eleição, dia 28 de outubro, em que os beneficiários do Auxílio Brasil eram constrangidos a assinar uma ficha de apoio a Bolsonaro. Cada eleitor recebia também R$ 50.
No primeiro turno, o município havia registrado empate entre o presidente e Luiz Inácio Lila da Silva (PT). Para garantir mais votos para Bolsonaro, lideranças ligadas ao prefeito convocaram os beneficiários do Auxílio Brasil a uma reunião, sem esclarecer inicialmente a pauta.
Uma secretária ouvida por Caco afirma que a reunião “tem a ver de demonstrar o que o presidente e o governador estão fazendo pelas pessoas”. Ao perceberem a presença da TV Globo, os organizadores encerram abruptamente a reunião e dispersam o público. Um homem tenta intimidar Caco Barcellos aos gritos: “É melhor vocês ficarem na sua”.
Na sequência, uma mulher afirma que quem paga R$ 50 extras era o próprio prefeito de Coronel Sapucaia, o bolsonarista Rudi Paetzold. Com a reportagem encerada, Caco Barcellos recebeu uma ligação anônima de um suposto morador da cidade para intimidá-lo.
“Fiquei preocupado, extremamente preocupado. Eu sugeriria para vocês terminar a pauta o quanto antes”, diz o autor do telefonema. “Se você quiser continuar aqui na cidade trabalhando, é o teu trabalho. É assim – sua conta e risco. Mas eu conheço bem aqui a cidade. É complicado.”
O assédio foi bem-sucedido. No primeiro turno, Bolsonaro e Lula tiveram, cada um, 4.295 votos. Já no segundo turno, a votação de Lula regrediu, e a de Bolsonaro, cresceu. Amedrontados, os eleitores seguiram as ordens dos auxiliares do prefeito bolsonarista. A Procuradoria Eleitoral do estado abriu investigação.
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