O golpe no banco dos réus: depoimentos dos envolvidos no 8 de janeiro começam sob os olhos do Brasil

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Bolsonaro no banco dos réus: STF inicia interrogatório que pode definir futuro da democracia brasileira


O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta segunda-feira (9) um capítulo decisivo no maior processo da redemocratização brasileira. Sete figuras-chave do governo Bolsonaro, incluindo o ex-presidente, começam a prestar depoimentos sobre sua suposta participação na tentativa de golpe de Estado que culminou nos ataques de 8 de janeiro de 2023. Sob relatoria de Alexandre de Moraes, o julgamento ocorre na 1ª Turma do STF e pode resultar em penas somadas que ultrapassam 30 anos de prisão para Bolsonaro.

A sequência dos depoimentos
Os interrogatórios seguem ordem rigorosa:

  • Mauro Cid (14h desta segunda): ex-ajudante de ordens e delator-chave, cujas revelações embasaram a denúncia da PGR

  • Alexandre Ramagem: ex-diretor da Abin, acusado de uso político da inteligência

  • Almir Garnier e Paulo Sérgio Nogueira: ex-comandantes da Marinha e Exército, respectivamente

  • Anderson Torres: ex-ministro da Justiça, sob suspeita de omissão intencional

  • Augusto Heleno: ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional

  • Jair Bolsonaro: depõe em data a ser definida na sequência alfabética

  • Walter Braga Netto: ex-ministro da Casa Civil, deporá por videoconferência da prisão preventiva

Prisão de Bolsonaro? Por enquanto, não
Especialistas esclarecem: o ex-presidente não pode ser preso durante o julgamento por ser réu não condenado. “A prisão exige demonstração de obstrução da justiça ou risco de fuga”, explica o doutor em direito penal Fernando Neisser. A apreensão do passaporte de Bolsonaro pela Polícia Federal em fevereiro de 2024 elimina este último risco.

Os crimes e penas em jogo
Bolsonaro responde por cinco acusações com penas cumulativas:

  1. Liderança de organização criminosa (3-8 anos)

  2. Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático (4-8 anos)

  3. Golpe de Estado (4-12 anos)

  4. Dano qualificado ao patrimônio público (6 meses-3 anos)

  5. Deterioração de patrimônio tombado (1-3 anos)

As provas que sustentam a acusação
A denúncia do procurador-geral Paulo Gonet apresenta:

  • minuta de golpe encontrada no celular de Mauro Cid com plano detalhado para impedir a posse de Lula

  • Registros de articulação para intervenção militar

  • Discursos públicos de Bolsonaro atacando urnas eletrônicas e instituições judiciais
    O STF já reconheceu a existência de “fundamentos suficientes” para levar adiante o processo.

Próximos passos após os depoimentos
Com a fase de interrogatórios concluída:

  1. O ministro Alexandre de Moraes preparará seu voto

  2. Cristiano Zanin, presidente da 1ª Turma, pautará o julgamento definitivo

  3. Os demais ministros (Cármen Lúcia, Flávio Dino, Luiz Fux) votarão sequencialmente
    “É o estágio final do processo, quando todas as provas já foram produzidas”, destaca Neisser.

Anistia? Especialistas veem manobra política
Projetos de anistia em discussão no Congresso não alterariam o curso do processo, segundo Bruno Comparato (Unifesp): “Seriam inconstitucionais como autoanistia“. Para o cientista político, a iniciativa é uma tentativa de “resolver pela política o que perderão na Justiça”.

Um teste para as instituições brasileiras
Os depoimentos marcam o ápice da maior investigação sobre ataques à democracia desde 1988. Se condenados, os réus enfrentarão penas históricas em um caso que expôs fraturas institucionais e desafia o sistema jurídico a responsabilizar poderosos por ações contra a ordem constitucional.

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