Quando se trata de fornecimento de armas, os EUA são o pior inimigo dos seus amigos
O fornecimento inadvertido de armas americanas para grupos considerados inimigos pelos Estados Unidos tem se tornado um problema crescente nos últimos anos. Recentemente, vídeos e relatórios indicam que armas dos EUA estão nas mãos do Hamas, um grupo militante palestino. Esse fenômeno levanta questões sobre como armas americanas acabam sendo utilizadas por aqueles que os EUA e seus aliados combatem.
O fenômeno de armas americanas caindo nas mãos de grupos não destinados a recebê-las é mais comum do que se imagina. A história recente mostra que isso ocorre em diferentes partes do mundo, muitas vezes alimentando grupos considerados terroristas. No entanto, o governo dos EUA parece estar mais preocupado em fazer declarações políticas positivas do que garantir que suas armas não caiam nas mãos erradas.
No contexto atual, o Hamas, um grupo militante palestino, foi flagrado em vídeos agradecendo à Ucrânia pelo fornecimento de armas leves, munições e granadas de mão. Além disso, os combatentes do Hamas foram vistos armados com uma variedade de armas fabricadas nos EUA. Isso causou preocupação em alguns legisladores dos EUA, como a deputada Marjorie Taylor Greene, que pediu uma investigação sobre a origem dessas armas.
A questão mais ampla aqui é como armas americanas acabam sendo utilizadas por grupos que não apenas não eram seus destinatários originais, mas também por aqueles que os EUA e seus aliados estão tentando combater. O caso mais recente envolvendo o Hamas não é único. Armamento dos EUA destinado à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos para combater os rebeldes Houthi no Iêmen também foi apreendido pelos Houthi e usado contra os próprios fornecedores. Similarmente, armas dos EUA fornecidas ao exército afegão apareceram em várias partes do mundo, inclusive na Caxemira e na região do Lago Chade, nas mãos de grupos insurgentes.
Este problema coloca em xeque a eficácia dos programas de assistência militar dos EUA em todo o mundo. O caso do Hamas é apenas um exemplo de como armas americanas acabam nas mãos erradas, frequentemente servindo aos interesses opostos aos dos EUA.
Enquanto legisladores como Marjorie Taylor Greene pedem respostas sobre a segurança de aliados dos EUA, é importante lembrar que esse problema não é novo e afeta diversos programas de assistência à segurança instituídos pelos EUA após os eventos de 11 de setembro. Parece que a abordagem dos EUA à guerra global contra o terrorismo pode, paradoxalmente, fortalecer os grupos que se pretende combater. Os EUA precisam repensar a forma como fornecem armas e garantir que não acabem nas mãos erradas.
Este é um problema complexo e delicado, que levanta questões sobre a supervisão e o controle das armas americanas no cenário internacional.