O perigo vem da China

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.

Atualmente sob o regime ditatorial de Pequim, segundo dados revelados pelo Instituto Gatestone, há cerca de 50 milhões de pessoas trancafiadas em ‘prisões denominadas de administrativas’ no país

Cerca de 50 milhões de pessoas, principalmente minorias étnicas chinesas, estão presas no Laogai, as prisões administrativas do regime ditatorial chinês. Em outras palavras, campos de concentração para reeducação dessas pessoas que, segundo o regime de Pequim, não são obedientes ao partido comunista chinês, o único partido do país. Estas e outras informações sobre a China foram pegas do jornalista e escritor italiano, Giulio Meotti, editor cultural do diário Il Foglio, publicadas pelo Institute Gatestone.

Mas não é só isso. Segundo uma publicação do semanário francês Le Point, Pequim vem comprando favores das universidades ocidentais. O professor Fabio Massimo Parenti, italiano, professor adjunto do Instituto Internacional Lorenzo de Medici, de Florença, foi recepcionado e patrocinado em Xinjiang, onde se estima que dois milhões de uigures (minoria étnica chinesa islâmica) estejam presos em “campos de reeducação”.

A jovem Gulbahar Haitiwatji, sobrevivente de um dos campos da China em Xinjiang e refugiada na França, recentemente revelou o que acontece por lá. “É proibido falar o idioma uigur, é proibido rezar, é proibido fazer greve de fome”. Ela tinha que fazer suas necessidades em um balde plástico na frente dos outros. Ela ficou acorrentada a sua cama durante 20 dias. Tudo isso e muito mais está no relato recentemente publicado por Gulbahar Haitiwatji, após ter sido solta do campo por pressão do governo francês. Ela estava refugiada na França e tinha ido à China para visitar a mãe. O título desse seu relato já é impressionante: Sobrevivente de um Gulag Chinês.

De acordo com o político britânico, responsável pela campanha do Brexit, Nigel Farage, muitas escolas britânicas já estão sob o radar da influência e propaganda chinesa. Recentemente, Farage, em um Twitter, divulgou que “bilionários chineses ligados diretamente ao PCC (Partido Comunista Chinês) estão comprando escolas britânicas e inundando o currículo com propaganda”. Ele fez ainda uma lista com nomes de algumas dessas escolas do Reino Unido que se encontram “sob o controle chinês”: “Abbots Bromley School, Bournemouth Collegiate, St Michael’s School, Bosworth College, Bedstone College, Ipswich High School, Kingsley School, Heathfield Knoll School, Thetford Grammar, Wisbech Grammar, Riddlesworth Hall, Myddelton College e CATS Colleges”.

O reitor honorário da Faculdade de Direito da Universidade de Estrasburgo na França, Christian Mestre, participou de um seminário internacional sobre a luta contra o terrorismo, processos para moderação de radicais e a proteção dos direitos humanos. O seminário for organizado pela República Popular da China, a partir de setembro de 2019, em Urumqi, capital da região uigur de Xinjiang, no oeste do país. As declarações de Mestre foram divulgadas tanto pela mídia estatal, como também pela agência de notícias Xinhua, quanto pelo jornal nacionalista Global Times.

“Espero que a França e demais países europeus adotem as soluções apresentadas por Xinjiang”, salientou Mestre durante uma visita a um dos “centros de educação vocacional”, nome dado por Pequim aos campos de reeducação forçada de minorias étnicas e pessoas que discordam do regime ditatorial de Pequim. “Essas pessoas não estão presas”, assegurou Mestre, “são enviadas para formação compulsória”. 

Só que ele deixou de dizer que as pessoas ali não veem a luz do dia e são permanentemente vigiadas por câmaras de segurança. E esses detentos são obrigados a repetir frases do amanhecer ao anoitecer como “obrigado ao nosso grande país”, “obrigado ao nosso querido presidente Xi Jinping”. Após receberam novos nomes, seus cabelos são raspados. Na sequência, vêm aquelas vacinas estranhas, “as mulheres param de menstruar. Assim que voltei para a França, senti a verdadeira existência da esterilização”, revelou Gulbahar Haitiwatji. Foi o início de uma impressionante investigação do seminário francês Le Point, sobre como a China comprou os favores de muitas universidades ocidentais.

Nos últimos 15 anos, foram abertos na França 18 Institutos Confúcio, com a clara intenção de lecionar chinês e promover a cultura chinesa. Em outras palavras, a cultura ditatorial de Pequim. Em 2019, a Bélgica expulsou o reitor do Instituto Confúcio da Universidade Livre Flamenga de Bruxelas, após os serviços de segurança belgas terem o acusado de espionagem a favor de Pequim. François Robin, especialista em Tibete, do Instituto Nacional de Línguas e Civilizações Orientais (Inalco), chama esses institutos de “armas de propaganda”. Em 2016, o Inalco convidou o Dalai Lama para uma conferência. “Recebemos um ofício da embaixada chinesa pedindo que não o recebêssemos”, salientou Robin.

A revista The Economist revelou recentemente o que o regime comunista chinês está realmente fazendo no Tibete: erradicando a influência do budismo da mente do povo. Talvez seja por isso que o atual chefe da CIA, William J. Burns, tenha assinalado que, se dependesse dele, fecharia os Institutos Confúcio nas universidades ocidentais.

Na Grã-Bretanha também existe esta preocupação. Segundo o jornal Daily Mail, centenas de escolas independentes que apresentaram sérias dificuldades financeiras, devido à pandemia do coronavírus, originário da cidade chinesa de Wuhan, foram desde então visadas por investidores chineses. A China está flagrantemente buscando expandir sua influência no sistema educacional britânico, a exemplo de sua atuação nos Estados Unidos. 17 escolas no Reino Unido já são propriedade de empresas chinesas e esse número só tende a aumentar. O jornal The Times revelou que a Universidade de Cambridge recebeu um “generoso presente” da Tencent Holdings, uma das maiores empresas de tecnologia da China, envolvida na censura usada pelo governo ditatorial chinês para vigiar seu próprio povo e outros eventos.

No tempo da ditadura soviética, não sabíamos quantas pessoas morriam sob o regime de Moscou, mas hoje, sob o regime ditatorial de Pequim, segundo dados revelados pelo Instituto Gatestone, há cerca de 50 milhões de pessoas trancafiadas em “prisões denominadas de administrativas” na China. Também estima-se que o regime chinês, com a “política de um só filho”, impediu que 30 milhões de meninas nascessem. E o número de pessoas assassinadas na Praça Tiananmen, em Pequim, na última vez que o regime comunista foi abertamente desafiado por seus cidadãos, chega a 10 mil pessoas, segundo as últimas estimativas.

Com tudo isso, meus caros leitores, acredito que vocês estejam de boca aberta para com os atos abomináveis da ditadura de Pequim – não só contra o seu próprio povo, como também contra todo o ocidente. E por que o mundo, sabendo de tudo isso, não reage? Seria por causa da influência econômica da China Comunista sobre os ocidentais? Nesses últimos anos, tenho ouvido também histórias de que China teria comprado ações da televisão Bandeirantes, em São Paulo. Será verdade? 

Temos que abrir os olhos, caros leitores, antes que seja tarde demais e dar um basta aos poderes funestos de Pequim. E não é só isto: não podemos aceitar que eles escravizem o seu próprio povo em campos de concentração, disfarçados de campos de reeducação, como eles próprios denominam. Temos que ser solidários para com o povo chinês que sofre e morre nas mãos do regime ditatorial de seu país, tal qual os nazistas fizeram com os judeus e outras minorias em campos de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial. Não podemos aceitar isto.

por Lev Chaim 

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