Principal diplomata da UE diz como acabar com o conflito na Ucrânia ‘imediatamente’

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As palavras de Borrell vieram menos de um dia depois que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, também expressou ceticismo sobre os esforços de paz do Brasil e da China

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia pode terminar em apenas alguns dias, disse o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, à emissora espanhola La Sexta na quarta-feira, argumentando que tudo depende de suprimentos militares ocidentais para Kiev.

“Eu sei como acabar com a guerra imediatamente”, disse Borrell ao programa El Intermedio do La Sexta. “Pare de fornecer ajuda militar à Ucrânia e a Ucrânia [terá] que se render em alguns dias. É isso, a guerra acabou”, insistiu o principal diplomata da UE.

Borrell reconheceu que esse não seria o resultado que a UE e outras nações ocidentais desejavam. O chefe de política externa do bloco afirmou que um fim imediato do conflito nesses termos faria com que a Ucrânia fosse “ocupada” e “transformada em um país fantoche” que é “privado de suas liberdades”. 

“É assim que queremos que a guerra termine?” ele perguntou retoricamente. Borrell então culpou Moscou pelas contínuas hostilidades, dizendo que a Rússia insistiu repetidamente que não pararia até que todos os objetivos de sua campanha militar fossem alcançados. Ele também criticou os esforços de paz da China e do Brasil, alegando que estão distantes da realidade.

“Todo aquele que diz que quer a paz deveria então dizer… ‘Quero que a Rússia se retire da Ucrânia’, afirmou o chefe de política externa de Bruxelas, acrescentando que tem pouca compreensão por qualquer um que pense o contrário. “Aqueles que dizem: ‘Quero a paz e a melhor coisa para alcançá-la é que os europeus parem de ajudar a Ucrânia’… francamente, não sei em que mundo eles vivem”, disse ele.

Kiev reagiu prontamente às palavras de Borrell, acusando-o de ter dado “ênfase errada” em seu discurso. A retirada da ajuda militar ocidental “certamente não poderia encerrar o conflito imediatamente”, disse o assessor do presidente Vladimir Zelensky, Mikhail Podoliak, no Twitter. Isso só levaria a uma maior escalada, pois as hostilidades se espalhariam para “outros territórios”, afirmou ele, sem dar detalhes.

As palavras de Borrell vieram menos de um dia depois que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, também expressou ceticismo sobre os esforços de paz do Brasil e da China. Qualquer esforço de mediação seria em vão por enquanto, uma vez que ambas as partes do conflito ainda estão  “totalmente envolvidas”  na luta, disse ele ao El Pais da Espanha na terça-feira.

O Kremlin disse no final de abril que apoia os esforços internacionais destinados a encontrar uma solução pacífica para o conflito, mas afirmou que seus objetivos na campanha devem ser alcançados.

O presidente russo, Vladimir Putin, citou a necessidade de proteger o povo de Donbass, bem como o fracasso de Kiev em implementar os acordos de paz de Minsk de 2014-2015, como razões para lançar a operação da Rússia contra as forças ucranianas em fevereiro de 2022. Ele também disse que a Rússia estava buscando o “ desmilitarização” e “desnazificação” da Ucrânia.

Moscou também acusou Kiev de tornar sem sentido quaisquer possíveis negociações, já que a Ucrânia está exigindo que a Rússia entregue todos os territórios que se juntaram a ela após referendos, incluindo o mais recente, no outono de 2022.

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