O que foi a Rebelião de Stonewall Inn, que deu origem ao Dia do Orgulho Gay?

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
O Dia do Orgulho Gay comemora-se em 28 de junho, data de violenta abordagem policial no bar Stonewall Inn em 1969

Até 1966, em Nova York, era proibido para gays se reunirem em locais públicos na cidade, sob o pretexto de que causariam desordem —fora do espaço público, as relações privadas entre pessoas do mesmo sexo eram criminalizadas na mesma época. Com a legislação como respaldo, era comum a violência de policiais contra membros da comunidade LGBTQIA+. Mesmo com a revogação da lei, uma violenta abordagem policial no bar Stonewall Inn, um espaço que recebia o público LGBTQIA+, despertou a revolta das pessoas presentes, quando agentes tentaram prender 13 pessoas, em 28 de junho de 1969. O levante popular, há 52 anos, fez com que o efetivo tivesse de pedir reforço em virtude também do início de um incêndio no local.

Nos dias seguintes, uma série de mobilizações reuniu milhares de pessoas em diferentes pontos da cidade. Uma ano depois, em memória ao episódio, uma multidão marchou do bar até o Central Park, na que é considerada a primeira Parada Gay dos Estados Unidos, consagrando assim o Dia do Orgulho LGBTQIA+. Desde 2016, durante o governo de Barack Obama, o local passou a ser monumento nacional em reconhecimento à importância na luta pelos direitos da comunidade.

Da rebelião para a luta política Símbolo para os norte-americanos e referência para outros países, a repercussão do episódio incentivou a formação de coletivos, organizações e frentes de luta contra a discriminação. Celio Golin, militante pelos direitos humanos da população LGBTQIA+, lembra o início dessa trajetória, na década de 1990, e as conquistas consolidadas em anos seguintes no Brasil. “Um momento marcante é a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de reconhecer e equiparar as relações entre pessoas de mesmo sexo e as heterossexuais, conferindo status equivalente ao de família, em 2011”, relembra.

Por outro lado, segundo o ativista, os últimos anos sob o governo Bolsonaro representam entraves para o avanço de políticas inclusivas. “Vivemos uma fase de total obscurantismo em relação aos direitos humanos e um retrocesso total nas pautas LGBTQIA+”, afirma. A representatividade e a ocupação de espaços políticos têm sido um desafio para membros da comunidade nas últimas décadas, sem falar nos inúmeros países onde continua havendo criminalização.

Ainda são raros os casos de gays, lésbicas, travestis e trans eleitas para cargos públicos, razão pela qual há uma defasagem na articulação e na promoção de programas que realmente levem em conta as necessidades e diversidades desse público. O ex-deputado federal Jean Wyllys e o atual titular David Miranda, a deputada estadual por São Paulo Erika Malunguinho, todos do PSOL, e a vereadora da interiorana Bagé (RS) Lins Robalo são alguns dos nomes que conseguiram romper a heteronormatividade tradicional do poder.

Nessa lista também encontram-se a prefeita de Bogotá, capital da Colômbia, Cláudia López, e o congressista guatemalteco Aldo Dávila, o primeiro homem gay a estar no Parlamento do mais populoso país centro-americano.

“Tenho 43 anos, vivo com HIV e sou ativista desde os 17 anos. Comecei como voluntário de diferentes organizações em prol dos direitos da pessoas de diversidade sexual, soropositivas e vulneráveis socialmente. Em 2012, fui membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, oportunidade na qual denunciei o Estado por estigma e discriminação. Em virtude disso, a Organização dos Estados Americanos (OEA) recomendou a implementação de políticas públicas que nunca foram desenvolvidas em razão da homofobia, transfobia e lesbofobia dos dirigentes nacionais.” (Aldo Dávila, parlamentar na Guatemala)

Apesar da dificuldades e das ameaças —Aldo sofreu um atentado neste ano e há registro de assassinato de ativistas na região—, o parlamentar articula a construção de redes e novas plataformas para ampliação de visibilidade e direitos. “No Fórum Social Mundial em 2015, estive na mesa de diversidade sexual na Tunísia, onde os homossexuais são criminalizados com a pena de morte. Fui porta-voz da causa na América Central e hoje a Guatemala conta com uma Defensoria para atender as diversidades sexuais a partir de nosso trabalho. Temos muito ainda a conquistar”, diz. (UOL)

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