O último czar

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Para calar adversários, Putin silencia a imprensa independente, sufoca protestos pró-democracia e é suspeito de lançar mão de táticas dignas de filmes de espionagem no estilo KGB

Durante 69 anos, a União Soviética (URSS) reinava, absoluta, como uma força do comunismo. Em 1991, com a dissolução da superpotência, surgiram 15 estados independentes, entre eles, a Rússia. Para o presidente Vladimir Putin, a reconstrução de um império nos moldes da antiga URSS é uma meta legítima. Assim como a consolidação de seu poder interno, por meio da ferrenha perseguição a opositores. Para calar adversários, Putin silencia a imprensa independente, sufoca protestos pró-democracia e é suspeito de lançar mão de táticas dignas de filmes de espionagem no estilo KGB.

Em 2006, a jornalista Anna Politkovskaia foi assassinada com cinco tiros dentro do elevador do prédio em que morava. A repórter investigativa acusava Putin de corrupção e de violações dos direitos humanos. O atentado ocorreu no 54º aniversário do presidente. Ontem, o Kremlin colocou Alexei Navalny na lista de “extremistas e terroristas”. O opositor quase morreu, dois anos atrás, após um envenenamento misterioso com o agente nervoso Novichok.

O autocrata Vladimir Putin tem sede de poder. Quanto mais, melhor. A ameaça de invasão à Ucrânia não surpreende. Em 2014, ele ordenou a anexação da Península da Crimeia. Queria, a todo o custo, acesso estratégico ao Mar Negro. Transformou o leste do território ucraniano em campo de batalha e derramou o sangue de militares e civis. Rebeldes apoiados pela Rússia ainda travam combates com o Exército nas regiões de Donetsk e Donbass. Em troca de tiros, um míssil de fabricação russa chegou a derrubar, por engano, um avião comercial da companhia Malaysia Airlines, matando todos os 298 ocupantes a bordo, há oito anos.

Mais de 100 mil soldados de Moscou aguardam o comando para invadir a Ucrânia. A sanha em reconstruir o Império Russo e em ampliar a esfera de influência do Kremlin pode custar caro demais e terminar em grave recessão econômica para a Rússia. Putin vê como ameaçadora a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) rumo ao Leste Europeu. Alega não querer tropas estrangeiras às portas de seu país. Mas, para especialistas ucranianos, usa essa ameaça como subterfúgio para ganhar territórios. Em pleno século 21, o mundo assiste a uma escalada de retórica bélica que lembra a Guerra Fria. O Ocidente avisou sobre consequências graves em caso de invasão. Putin parece pouco preocupado com as implicações de uma aventura militar. Quer enviar ao mundo uma mensagem de força e de autonomia política. É pouco provável que os Estados Unidos e a Europa façam soar os tambores da guerra. Mais plausível uma resposta orquestrada no âmbito financeiro. Cabe a Putin, o último dos czares, mover a próxima peça no tabuleiro. Em plena pandemia da covid-19, o mundo aguarda, com expectativa, para saber se o Kremlin tentará invadir uma nação democrática e independente.

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