O uso político da fome para esconder suas causas, o neoliberalismo

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.

O Brasil que já esteve na casa dos 4,5% da população em situação de fome, hoje amarga a marca de 9%

Uma notícia dada pelo Fantástico no domingo de que a fome atingia 117 milhões de pessoas, metade da população, surpreendeu a todos.

De forma mais precisa, a pesquisa na qual se baseou a reportagem trabalha com o conceito de segurança alimentar, donde vem a situação destas 117 milhões de pessoas de insegurança alimentar ou fome. Significa que 117 milhões de pessoas não contam com alimentos em quantidade suficiente, dentre as quais 19 milhões passam fome.

Em todo caso, trata-se de um dado alarmante já que mostra um aumento de 9 milhões de pessoas em situação de fome nos últimos dois anos, 2018 a 2020. Sendo que estes números crescem desde a PNAD 2013-2014.

Infelizmente a matéria do Fantástico não mostra que a pesquisafoi realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan), iniciativa construídano bojo do que já foi chamado de Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), cujo principal organismo coletivo era o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, (Consea).

Por óbvio, NÃO disse o Fantástico, das Redes Globo, que todas essas iniciativas derivavam do programa Fome Zero, posteriormente integrado ao Bolsa Família, e ambos ao Brasil sem Miséria, todos programas dos governos petistas de Lula e Dilma. Também faltou à reportagem dizer que o governo Bolsonaro, que a Globo ajudou a eleger, extinguiu todas essas políticas, riscando a segurança alimentar das preocupações do governo federal.

Ou seja, assim como outro jornal já responsabilizou a década, e não os governos petistas, pela redução da desigualdade racial no funcionalismo público, desta feita, o Fantástico usa da fome sem citar a fonte.

Fato é que o aumento da fome coincide com a retomada das políticas neoliberais no Brasil. O marco é o golpe contra a Dilma em 2016 e a implementação da “ponte para o futuro” de Temer e seu MDB. Programa continuado e aprofundado em seus conceitos elementares pelo governo genocida de Bolsonaro a partir de 2018. Por este último motivo, somado à pandemia iniciada em 2019, os dois últimos anos são de piora crítica do quadro da fome.

O Brasil que já esteve na casa dos 4,5% da população em situação de fome, hoje amarga a marca de 9%. Sendo novamente incluído no mapa da fome com 19,1 milhões de pessoas nesta situação.

Somos um país em que “os que comem dormem com medo da revolução dos que têm fome”, por isso as reportagens sobre o aumento da fome miram o governo Bolsonaro, mas se esquivam de reconhecer que a superação da fome passa pelo fim do neoliberalismo, pela retomada do planejamento estatal, por um estado e um corpo de servidores forte, pela formulação de políticas sociais, pela participação social, e, principalmente, pelo empoderamento da população, afinal, nenhuma dessas posições é apoiada, nem pelos Bolsonaro, nem pelos Fantásticos da vida.

VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!

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