Open Banking

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
A ‘bancarização” e seus profundos impactos sociais e econômicos

A transformação digital é um pilar da visão econômica do futuro e deve ser parte de planos nacionais de desenvolvimento que sejam focados nos princípios de sustentabilidade, competitividade, justiça e equidade.

O chamado Open Banking, associado à tecnologia 5G, está materializando uma verdadeira mudança de paradigma no setor de serviços financeiros no mundo todo. E as implicações disso são muito relevantes tanto sob o ponto de vista dos custos dos serviços oferecidos, como também dos impactos econômicos e sociais através da “bancarização” (inserção ao sistema bancário e ao sistema financeiro de forma mais ampla) de uma enorme parte da população, principalmente nos países em desenvolvimento, tragicamente excluída de uma parte essencial da vida moderna.

Obviamente que as resistências a tudo isso são relevantes e poderosas. O sistema bancário tradicional resiste a abrir mão de sua filosofia e de seu status quo. Em função da importância e da real necessidade de evolução permanente da regulamentação e supervisão prudencial do sistema financeiro, o Banco Central do Brasil (Bacen) deve agir sempre como guardião naquilo que é de sua responsabilidade. Mas, é preciso ficar atento porque, por outro lado, algumas das demandas por regulamentação e supervisão prudencial, em grande medida, têm como pano de fundo apenas criar barreiras de entrada aos novos competidores provedores de serviços ligados ao mercado financeiro. A dificuldade maior para os bancos “tradicionais” é que o que está acontecendo é um fenômeno global, irreversível e que tende a se acelerar rapidamente. E os benefícios

econômicos e sociais são tão evidentes que muito malabarismo argumentativo é necessário para atrasar o processo, embora, de fato, muito cuidado deve ser tomado em relação a entrantes que não tenham princípios, valores e capacidade / estrutura para entregar com segurança os serviços prometidos.

No Brasil, entretanto, há um fator de risco adicional que é o risco político. Alguns players importantes de mercado querem de toda forma e apoiam, para preservar os benefícios que tinham, o retorno de governos anteriores durante os quais nunca ganharam tanto dinheiro. Portanto, o retorno dos mesmos agentes que levaram o país à ruina moral, ética e econômica e cujo reflexo direto está na dolorosa e perigosa disfuncionalidade de nossas instituições. É o dinheiro acima dos princípios e em detrimento do país.

Mas o que é de fato o open banking? De uma forma simplificada, “Open banking também é conhecido como “dados de banco aberto”. Open banking é uma prática bancária que fornece a provedores de serviços financeiros terceirizados acesso aberto a dados bancários, transações e outros dados financeiros de bancos e instituições financeiras não bancárias por meio do uso de interfaces de programação de aplicação (APIs – Application Programming Interface). Uma API é um conjunto de códigos de programação que consulta dados, analisa respostas e envia instruções entre uma plataforma de software e outra. As APIs são usadas extensivamente no fornecimento de serviços de dados em uma variedade de campos e contextos.” (https://www.investopedia.com/). Um paraíso para a turma que estuda e / ou trabalha na área da ciência da computação.

Essa conexão entre diversas plataformas de serviços permite que as chamadas fintechs consigam se conectar com as mais diversas plataformas de diferentes provedores de serviços ligados a produtos tradicionalmente oferecidos pelo sistema bancário tradicional (contas correntes, cartões de crédito e débito, seguros, câmbio, empréstimos, etc) de uma maneira muito competitiva no que concerne a fatores chave de sucesso como agilidade, qualidade, abrangência e custo dentre outros fatores. E, como comentamos anteriormente, atingindo uma enorme parte da população que está “desbancarizada” (este termo é jargão de mercado) e excluída de serviços absolutamente essenciais.

De certa maneira e metaforicamente, as Fintechs são semelhantes ao que na engenharia é conhecido como um “Epecista” – oriundo do acrônimo em inglês EPC que significa “Engineering, Procurement and Construction” (Engenharia, Gestão de Suprimentos / Compras e Construção) – e se refere a grandes gestores de obras e projetos que subcontratam todos os serviços a serem executados, mas mantêm a responsabilidade final pela prestação destes serviços. Aliás, este mesmo modelo de conexão de plataformas via APIs já não é mais novidade há um bom tempo. Um grande número de empreitadas / projetos na área tecnológica fazem uso dele em seus modelos de desenvolvimento e de negócios. Podemos, por exemplo, citar a Amazon. Também não é difícil imaginar startups na área médica que vão revolucionar o mercado ao percorrer este mesmo caminho.

O que muita gente não se dá conta / não sabe é que o C6 Bank e o Nubank, por exemplo, são formalmente / legalmente fintechs e não bancos tradicionais no sentido stricto sensu da palavra banco. E nessa nova realidade profundamente inovadora e altamente competitiva, novas fintechs, provavelmente ainda mais inovadoras, abrangentes e competitivas, estão certamente a caminho para o benefício de toda a sociedade. Todos serão beneficiados, mas principalmente os 40 milhões de brasileiros de baixa renda que ao terem acesso a estes serviços resgatam um pouco de toda a dignidade e respeito que merecem.

Originalmente no Dom Total

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