Opinião: Super Liga é tentativa de golpe

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Anúncio de 12 dos principais e mais ricos clubes europeus sobre criação de novo torneio mostra que futebol tradicional está com o pé na cova

O futebol tradicional está no cadafalso, e a guilhotina é chamada de Super Liga. Até agora são 12 os clubes que ensaiam uma revolta contra a federação europeia de futebol, a Uefa. Não são quaisquer clubes, mas os melhores da Inglaterra, da Espanha e da Itália, grandes nomes do futebol europeu, como Real Madrid, Barcelona, ​​Juventus, Manchester United e Liverpool.

São clubes que há anos esbanjam dinheiro como se não houvesse amanhã, que pagam salários astronômicos às suas estrelas e que elevaram as taxas de transferência de jogadores a patamares completamente irracionais – e que mesmo assim não se dão por satisfeitos.

Se depender deles, a Super Liga será uma liga para os super-ricos que estão ficando ainda mais ricos – ou clubes como o Barcelona, ​​que errou de mão na dose de investimentos. Bilhões devem fluir para os cofres dos 15 membros fundadores. Bilhões garantidos, entre outros, por patrocinadores como o banco de investimentos americano JP Morgan.

O grande capital e os capitalistas do futebol finalmente se fundem, e o esporte é chutado para escanteio. Afinal, os membros fundadores não podem ser rebaixados. Apenas cinco outras vagas na Super Liga serão reguladas por promoção e rebaixamento. E a torcida? Dela, os grandes clubes há muito já se despediram. Torcedores prestam, no máximo, para dar um certo ar de folclore nas arquibancadas.

Por um lado, é louvável o fato de os principais clubes alemães e franceses ainda não terem aderido à tentativa de golpe dos principais clubes de Inglaterra, Espanha e Itália. Por outro, o apoio deles à Uefa e à Champions League não significa que estejam subitamente voltando a prezar os valores tradicionais do futebol.

Clubes como o Paris Saint-Germain (PSG), Bayern de Munique e Borussia Dortmund também são, em primeira linha, empreendimentos comerciais. A reforma da Champions League da Uefa, agora aprovada, com mais clubes a partir de 2024 e, portanto, mais jogos, garante-lhes significativamente mais dinheiro. A diferença entre os clubes que jogam na classe de elite europeia e os que ficam de fora vai aumentar ainda mais.

Talvez o anúncio da Super Liga dos 12 super-ricos seja apenas uma gigantesca cortina de fumaça. A indignação com essa desavergonhada tentativa de golpe é tão grande que ninguém mais fala na polêmica reforma da Champions League. No final, os 12 rebeldes voltarão a se integrar e ficarão ainda mais ricos numa nova Champions League.

Seja lá como isso terminar, o futebol tradicional, comprometido com as competições esportivas e com a torcida, parece, pelo menos no campo profissional, condenado à morte – se é que já não morreu faz tempo.

Stefan Nestler – DW-Brasil

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