Os desafios da democracia ante o bolsonarismo – entrevista com Carlos Melo

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Desde o início do seu mandato, Bolsonaro viu aliados como o americano Donald Trump e o argentino Maurício Macri serem derrotados pelas urnas

O Brasil vem passando por um período complexo. Além da pandemia do novo Coronavírus, e uma crise econômica mundial, as instituições democráticas vem sendo sistematicamente desafiadas. Quais as consequências do crescimento de setores da direita e como isso pode influenciar nas eleições de 2022.

Outros países sinalizaram que queriam uma mudança de rumo, com a derrota de Trump nas eleições americanas e uma coalização ampla em Israel com principal objetivo de retirar Benjamin Netanyahu do poder.

O professor de ciência política do INSPER e colunista do Estadão, Carlos Melo, fala sobre esses assuntos comenta as consequências dessas mudanças recentes.

Desde o início do seu mandato, Bolsonaro viu aliados como o americano Donald Trump e o argentino Maurício Macri serem derrotados pelas urnas. Além disso, sua relação era conflituosa com seus sucessores antes mesmo de chegarem ao cargo. E isso pode aumentar o isolamento de seu governo no mundo.

Um exemplo recente é o de Isarel. Removido do poder após 12 anos por uma improvável coalizão, Benjamin Netanyahu era um dos últimos e mais próximos parceiros ideológicos do presidente brasileiro.

Na própria América Latina a situação não é tão diferente. Há pouco mais de dois anos o então candidato Bolsonaro buscava se espelhar no presidente chileno Sebastián Piñera. Mas este mostrou que, apesar de ser um representante da direita, é moderado e aceita as regras do jogo democrático.

Atualmente Piñera busca manter distância de Bolsonaro, ciente de que a associação ao brasileiro é negativa internamente para ele. É a mesma cautela adotada pelo uruguaio Luis Lacalle Pou, outro direitista mais moderado.

Restaram a Bolsonaro, a relação com Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai, que tem grande dependência econômica do Brasil.

Na Europa, ainda há o premiê húngaro, Viktor Orbán, que pode enfrentar uma coalizão inédita de oposição nas eleições do ano que vem, e os governantes populistas da República Tcheca e da Polônia. Todos mantém relação com Bolsonaro e, no caso da Polônia, sua influência pode crescer junto ao governo brasileiro por causa do espaço criado com a saída de Netanyahu do poder. Bolsonaro já manifestou publicamente sua admiração por políticas conservadoras do país europeu em defesa da família tradicional, oposição ao aborto e guerra às grandes empresas de tecnologia por supostamente perseguirem governos de direita.

Após ter perdido as eleições, Trump segue ativo na polítca, sonhando em retornar em 2024. Sua saída da Casa Branca não distanciou trumpistas de bolsonaristas, que mantém contato. Um exemplo é a Cpac, maior evento conservador dos EUA e que já teve uma edição brasileira.

Em Israel, Netanyahu pode desempenhar um papel similar como líder da oposição. Portanto, os com Bolsonaro não devem ser totalmente rompidos.

Mas há uma diferença agora. Bolsonaro precisa ser cuidadoso ao manter relações com seus ex-aliados. Pois isso pode ter impacto negativo na relação com países com os quais o Brasil tem interesses estratégicos. Porém, como parece ter sido demonstrado várias vezes, cautela na seara diplomacia não o forte do presidente brasileiro. (O Planeta Azul)

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