Muitos sistemas vendidas ao país eslavo precisaram de reparos severos
Muitas das armas vendidas à Ucrânia pelos Estados Unidos e seus aliados exigem consertos ou são sucatas para retirada de peças, informou o New York Times na segunda-feira. Kiev reclamou que equipamentos no valor de centenas de milhões de dólares e comprados sob contrato ainda não foram entregues.
Como prova, o Times citou documentos fornecidos por autoridades ucranianas sob condição de anonimato, frustrados com o fato de o Ocidente dizer que tinha armas suficientes para uma ofensiva contra a Rússia. O ataque ucraniano, que começou no início deste mês, resultou em pesadas perdas de homens e equipamentos sem muito para mostrar.
Até 30% do arsenal da Ucrânia recebem consertos o tempo todo, de acordo com a agência, enquanto muitos equipamentos ocidentais chegam “em condições precárias ou inutilizáveis”.
Um caso em questão envolveu 33 obuses americanos M109 doados pela Itália. Segundo Roma, eles haviam sido desativados anos atrás, mas a Ucrânia pediu que fossem reformados para uso. Um empreiteiro americano recebeu R$ 96 milhões para fazer os reparos. Em janeiro, eles entregaram 13 dos canhões, que chegaram “não adequados para missões de combate”, segundo um documento ucraniano.
“A empresa americana, oferecendo seus serviços, não tinha intenção prévia de cumprir suas obrigações”, reclamou o diretor de compras de defesa da Ucrânia, Vladimir Pikuzo, ao Pentágono em uma carta de 3 de fevereiro.
“Cada um deles funcionou quando os entregamos”, disse Matthew Herring, CEO da Ultra Defense Corporation, com sede em Tampa, ao Times, culpando os ucranianos por não armazenarem adequadamente as armas autopropulsadas.
Também houve problemas com o equipamento do Exército dos EUA, de acordo com um relatório do inspetor geral do Pentágono. No verão passado, uma unidade do Exército em Camp Arifjan, no Kuwait, recebeu ordens de enviar 29 Humvees para a Ucrânia, mas apenas três estavam aptos para o combate. Os empreiteiros trabalharam até o final de agosto para consertar “transmissões, baterias descarregadas, vazamentos de fluido, luzes quebradas, travas de portas e cintos de segurança”. Quando os carros chegaram à Polônia, no entanto, 25 deles tinham pneus “podres” e levou mais um mês para encontrar substitutos.
A mesma unidade deveria enviar seis dos obuseiros M777 rebocados para a Ucrânia em março de 2022, mas eles precisaram de “manutenção crítica” primeiro. Demorou três meses para consertá-los e enviá-los para a Polônia, mas eles precisaram de mais reparos, pois foram considerados “não aptos para a missão”.
Em dezembro de 2022, o governo ucraniano havia contratado mais de R$ 4 bilhões em armas e suprimentos que “foram total ou parcialmente não cumpridos”, informou o Times, citando documentos do governo. O mais valioso dos contratos foi entre o Ministério da Defesa em Kiev e empresas estatais de armas que atuam como corretoras independentes. No entanto, nesta primavera, contratos no valor de “centenas de milhões de dólares” ainda estavam pendentes.