Pelo menos 100 manifestantes foram presos em Cuba na segunda-feira

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O governo e a população reprimiram as manifestações

Pelo menos 100 pessoas foram presas e 131 impedidas de sair de casa durante os protestos antigovernamentais de segunda-feira em Cuba, denunciaram no dia seguinte a organização “pró-democracia” Cuba Decide e o Centro de Denúncias da Fundação para a Democracia Pan-americana (FDP).

Em comunicado, as duas entidades acusam a polícia cubana e as “brigadas de resposta rápida” de serem responsáveis pelas prisões e detenções “arbitrárias” de manifestantes. Ambas instituíram, desde o fim de semana, um “centro de monitoramento” que registou pelo menos 100 pessoas presas de forma arbitrária, para que não participassem nas manifestações “cívicas”. Segundo o comunicado, “algumas detenções ocorrerem com muita violência”.

Por províncias, segundo a nota, foi em Havana onde houve mais detenções, 28, seguindo-se Ciego de Ávila (leste), com 21, e Santiago de Cuba, com 14. As organizações contabilizaram pelo menos 131 pessoas impedidas de sair de casa, em pelo menos 14 das 15 províncias da ilha caribenha.

Na tarde de terça-feira, ativistas e organizações denunciaram detenções, prisões e intimidações das autoridades para impedir o protesto de 15 de novembro na ilha, que acabou por não acontecer.

A plataforma Arquipélago, grupo de ativistas que convocou o protesto para segunda-feira, assegurou em comunicado ter havido “mais de 100 ativistas coagidos, presos e desaparecidos.

 

Ativista coagida por populares

A organização não governamental (ONG) jurídica Cubalex confirmou pelo menos 77 pessoas detidas, remetidas às suas casas ou vítimas de “atos de repressão”, nos quais apoiadores do Governo se deslocam às casas dos opositores para intimidar com calúnias e ameaças. Uma das ações mais difundidas foi registrada na cidade de Santa Clara e envolveu a ativista Saily González, quando dezenas de pessoas se concentraram frente à sua casa gritando palavras de ordem, como mostra um vídeo que a própria publicou nas redes sociais.

Segundo a Cubalex, o rapper Maykel Osorbo, um dos intérpretes da canção “Pátria e Vida” com Youtel, Gente de Zona e Descemer Bueno,  também foi alvo de repressão e prisão e está preso desde maio. Esta ONG registou mais de 50 detenções, incluindo as de Manuel Cuesta Morúa, vice-presidente do Conselho para a Transição Democrática em Cuba, a ativista e curadora de arte Carolina Barrero e José Daniel Ferrer Cantillo, filho do conhecido líder da União Patriótica de Cuba (Unpacu), José Daniel Ferrer García.

Desde julho, permanecem na prisão Ferrer García e Luis Manuel Otero Alcântara, líderes do Movimento Santo Isidro (MSI). A maioria dos coordenadores da Arquipélago foram vítimas de repressões nos últimos dias.

O jovem dramaturgo Yunior García Aguilera, rosto mais visível da Arquip´leago, foi colocado domingo em prisão domiciliária e sofreu um ato de repúdio, prosseguiu a Efe. Outros ativistas denunciaram nas redes sociais terem sido submetidos a prisão domiciliária desde o fim de semana, incluindo os jornalistas Abraham Jiménez Enoa e Luz Escobar. “Dois agentes deslocaram-se a minha casa para me vigiar. Tentei sair ontem [segunda-feira] mas disseram-me que não podia”, declarou Escobar à Efe.

 

A ONG mexicana Artigo 19 MX-CA, que defende a liberdade de imprensa e de expressão, assegurou que houve nove agressões contra jornalistas relacionadas com os protestos do 15N em Cuba. “Todos permanecem em prisão domiciliária e alguns referiram-se a cortes no serviço da internet”. A marcha, convocada por ativistas com mais de um mês de antecedência e declarada ilegal pelo Governo, acabou por não se realizar e segunda-feira foi um dia normal em Cuba, apenas com a presença nas ruas de mais agentes policiais, fardados ou à civil.

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