PF desmantela esquema de extração ilegal de ouro em terras indígenas no Pará

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Operação Cobiça prende quatro suspeitos envolvidos em rede criminosa que facilita garimpos ilegais e crimes ambientais em uma das regiões mais devastadas pela mineração ilegal.

Ação da PF desmascara crime ambiental em terras indígenas

Na manhã desta quinta-feira (28), a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação em grande escala no Pará, desarticulando uma organização criminosa acusada de operar garimpos ilegais em terras indígenas e áreas de reserva legal. A operação, batizada de Cobiça, resultou na prisão preventiva de dois servidores públicos e dois empresários envolvidos na extração e comercialização de ouro de forma ilegal, afetando uma das regiões mais vulneráveis à mineração clandestina no Brasil: o oeste do estado, mais precisamente a região do Tapajós.

Ouro ilegal e corrupção dentro do serviço público

Segundo investigações da PF, os empresários acusados pagavam uma “mesada” a servidores públicos para que facilitassem e protegessem as atividades criminosas nos garimpos ilegais. Os valores pagos aos servidores eram destinados a garantir que as ilegalidades não fossem reprimidas, e também para auxiliar nas questões logísticas e de segurança para o transporte do ouro extraído de maneira clandestina.

De acordo com a Superintendência da Polícia Federal no Pará, os servidores colaboravam ativamente para que o esquema funcionasse sem grandes obstáculos. “O dinheiro seria para que os servidores públicos facilitassem ou não reprimissem os crimes ambientais cometidos pelas empresas, além de atuarem na logística e segurança do ouro ilegal”, apontou a nota divulgada pela PF.

Destruição ambiental e o impacto nas terras indígenas

A Terra Indígena Munduruku, uma das áreas mais afetadas pela mineração ilegal na região, foi identificada como um dos locais de extração do ouro. Esse território, destinado ao usufruto exclusivo das comunidades indígenas, é um dos mais devastados pelas atividades criminosas. No momento, a área está sendo monitorada pela operação federal para a retirada dos não-indígenas envolvidos em atividades ilícitas.

O impacto ambiental causado pela mineração ilegal é alarmante, com rios contaminados, desmatamento e destruição de ecossistemas locais. As atividades de garimpo ilegais não só comprometem a saúde dos povos indígenas, mas também prejudicam a biodiversidade da região, que já enfrenta sérios desafios devido à crescente pressão sobre seus recursos naturais.

Mandados de prisão e buscas em diversas cidades

Além das prisões preventivas dos quatro suspeitos, a Polícia Federal cumpriu 21 mandados de busca e apreensão em diversas cidades, incluindo Altamira, Itaituba e Santarém, no Pará, e também em Goiânia (GO) e no Rio de Janeiro (RJ). Durante a operação, foram apreendidos oito carros de luxo, joias, celulares, dinheiro e uma quantidade significativa de ouro ainda não contabilizada. A PF também anunciou o sequestro de bens dos envolvidos e o afastamento dos servidores de suas funções públicas.

Os detalhes sobre os investigados ainda são mantidos sob sigilo, embora se saiba que um dos empresários tem um histórico criminal envolvendo tráfico de drogas, receptação e tentativa de homicídio. Informações reveladas pela PF indicam que, para manter a estrutura criminosa funcionando, parte dos envolvidos recebia quantias expressivas. Um dos servidores, por exemplo, recebia R$ 4 mil mensais, enquanto outros eram remunerados com valores superiores, que somavam até R$ 10 mil por mês.

O histórico da Operação Cobiça

A Operação Cobiça é um desdobramento da Operação Ganância, realizada pela PF em 2022 em Rondônia, que investigou desvio de recursos públicos destinados a serviços de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea. Embora os crimes em questão sejam diferentes, ambos envolvem a prática de lavagem de dinheiro, usurpação de bens da União e organização criminosa.

A operação atual visa desmantelar as redes que envolvem crimes ambientais, corrupção e lavagem de dinheiro, que afetam diretamente a integridade de territórios indígenas e a biodiversidade da Amazônia. A PF segue monitorando a atuação dessas organizações, com o objetivo de preservar o meio ambiente e proteger as comunidades indígenas afetadas pela mineração ilegal.

Quando o ouro vem a peso, mas a consciência vem a granel, é hora de a PF fazer a balança da justiça pesar!

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