MPRJ realiza operação para prender policiais acusados de cobrar propina de comerciantes
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), em parceria com a Corregedoria da Polícia Militar (PM), realizou uma operação nesta quinta-feira (7) para prender 22 policiais militares suspeitos de extorquir comerciantes na Baixada Fluminense. A investigação, que incluiu o acompanhamento das atividades desses agentes, revelou um esquema de cobrança de propina, chamado de “tour da propina”, que ocorria regularmente às sextas-feiras em Nova Iguaçu.
A estrutura do esquema
Segundo o MPRJ, os policiais do 20º Batalhão de Polícia Militar (BPM) em Nova Iguaçu faziam rondas com viaturas da corporação e visitavam estabelecimentos comerciais locais. Em uma prática sistemática, paravam brevemente em frente aos comércios, onde recebiam pagamentos de duas maneiras: os comerciantes se aproximavam das viaturas para entregar o dinheiro, ou um policial entrava no estabelecimento para recolher o valor.
Os alvos preferenciais incluíam ferros-velhos, distribuidores de gás, lojas de material de construção e depósitos de reciclagem, onde os policiais também aceitavam produtos como engradados de cerveja e até frutas em mercadinhos.
Investigação e denúncias
A ação contra os policiais foi fundamentada em investigações da Delegacia de Polícia Judiciária e um pedido formal da corregedoria da corporação. Os 22 agentes envolvidos enfrentam acusações de corrupção passiva, negativa de obediência e organização criminosa. Segundo o MPRJ, o grupo agia de forma organizada, utilizando os recursos públicos — como as viaturas da PM — para cometer crimes e sustentar o esquema de propina.
Implicações para a sociedade e para a PM
A operação representa um passo importante do MPRJ para combater a corrupção dentro das forças de segurança pública, trazendo à tona a necessidade de maior transparência e controle sobre as ações de agentes policiais. A ação também evidencia a vulnerabilidade de comerciantes, que se veem obrigados a contribuir com um esquema criminoso para evitar represálias.
A expectativa é que a Corregedoria da PM e o MPRJ avancem nas investigações, não apenas punindo os policiais envolvidos, mas também reforçando a fiscalização para prevenir que novas redes de corrupção se estabeleçam.