Os problemas que podem ser detectados nas fezes vão de câncer de intestino a inflamações no órgão
No último dia 28, a jornalista e influenciadora britânica Dame Deborah James, que se transformou em um símbolo contra o câncer de intestino, justamente por falar abertamente sobre o cotidiano de uma pessoa que convive com o tumor no intuito de desmistificar o tratamento, promover o diagnóstico precoce e arrecadar milhões para a causa, acabou morrendo da doença.
Uma de suas principais frentes era o diagnóstico precoce do câncer e defendia que as pessoas deveriam verificar diariamente suas fezes, pois 90% das pessoas apresentam os primeiros sintomas em uma simples ida ao banheiro. Os primeiros sintomas, não só deste câncer, mas de diferentes outras doenças inflamatórias, como a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn, começam na hora da evacuação.
No Brasil, o câncer de intestino, é a terceira de maior incidente na população atingindo cerca de 40 mil novos casos por ano entre homens e mulheres. Entre os principais sinais estão: uma mudança contínua nos hábitos intestinais, como diarreias, prisão de ventre alternados, dor ou desconforto abdominal, fraqueza, anemia, alteração na forma das fezes (muito finas, compridas, pesadas), além da presença de sangue no cocô.
O sinal do plasma nas fezes, sem uma causa óbvia também é um alerta para diferentes doenças inflamatórias. Sangue vermelho escuro ou preto no cocô, por exemplo, pode vir de problemas no estômago ou do intestino. Sangue vermelho brilhante pode ser sinal de vasculite, ou seja, um inchaço nos vasos sanguíneos.
O muco intestinal, que nada mais é do que uma secreção gelatinosa de cor amarelada ou branca, em grandes proporções nas fezes também é uma razão para procurar um médico com urgência. Pode ser o começo de uma retocolite ulcerativa, doença que causa inflamações no intestino grosso (cólon) e no reto, em sua camada mais superficial, a mucosa. Esse processo provoca sintomas como diarreia, hemorragia, cólicas e febre. Normalmente acomete homens e mulheres entre os 15 e 30 anos. Uma minoria dos afetados sofre o seu primeiro ataque entre 50 e 70 anos.
Outra doença com sintomas semelhantes, e que pode ser observada pela presença de mucos nas fezes, é a Doença de Crohn, inflamação no trato gastrointestinal que afeta predominantemente a parte inferior do intestino delgado (íleo) e intestino grosso (cólon), mas pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal. A parede das áreas afetadas é mais espessa, com o aspecto de rocha, e úlceras que podem se estender para todas as camadas da parede do trato digestivo. Geralmente a dor ocorre no abdômen inferior direito.
Os sintomas são parecidos com as outras enfermidades citadas, podendo causar diarreia, cólica abdominal, febre e, às vezes, sangramento retal. São comuns ainda nas juntas e lesões da região anal, incluindo hemorroidas, fissuras, fístulas e abscessos.
Tratamento
Na maioria desses casos, uma dieta com alimentos suaves e brandos agridem menos o intestino. Fazer pequenas refeições, de cinco a seis vezes ao dia. Beber muito líquido, e sempre consultar um nutricionista ou nutrólogo para adaptar a dieta de acordo com suas necessidades.
Embora o estresse não seja uma causa de doença inflamatória do intestino, ele pode fazer seus sinais e sintomas piores, além de desencadear crises. Fazer exercícios físicos, de relaxamento e respiração são fundamentais, como meditação, yoga e psicoterapia.
Alimentos que devem ser evitados
Há diversas causas que podem aumentar o risco dessas doenças, mas o excesso de peso corporal e uma dieta baseada em gorduras e carnes processadas como salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru, salame, e carnes vermelhas.
Doenças inflamatórias intestinais podem dificultar a capacidade do organismo de digerir ou absorver alimentos com alto teor de gordura. Produtos lácteos também podem agravar sintomas como a diarreia, dor abdominal e gases.
Alimentos ricos em fibras como frutas e vegetais frescos e cereais integrais. Nozes, sementes, milho e pipoca também são grandes vilões quando o assunto são inflamações intestinais.
Evitar ao máximo bebidas alcoólicas, cafeína, e claro, tabagismo.
Cura
O câncer de intestino na maioria dos casos é tratável e curável, porém, quanto mais precoce ser detectado, maiores as chances de cura. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. A cirurgia é o tratamento inicial seguido de outras etapas que incluem a radioterapia, associada ou não a quimioterapia, para diminuir a possibilidade de retorno do tumor.
O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do câncer. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas. Após o tratamento, é importante realizar o acompanhamento médico para monitoramento de recidivas ou novos tumores.
A maioria das pessoas com retocolite ulcerativa tem períodos de remissão que podem durar por anos. Esses períodos são interrompidos por ocasionais surtos de sintomas moderados. No entanto, algumas pessoas têm os sintomas de colite ulcerativa sempre. Crianças podem ter os mesmos sintomas dos adultos, podendo crescer mais lentamente do que o normal e passar pela puberdade mais tarde do que o esperado.
A Doença de Crohn não é considerada fatal. Quase todas as pessoas que padecem dessa enfermidade mantêm uma vida útil e produtiva, apesar de algumas delas necessitarem de hospitalização nos períodos em que a enfermidade está ativa.
Fonte: O Globo