Por trás da guerra

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Resta saber se as tropas russas se deterão dentro das fronteiras ucranianas. Vladimir Putin já alertou que ‘a futura expansão da Otan em direção ao Leste é inaceitável’ (AFP)

Como disse Ernest Hemingway, “não importa quão necessária ou justificável seja uma guerra; ela será sempre um crime”. No entanto, é preciso conhecer a História para entender o drama da Ucrânia. Seu território já esteve sob domínio russo mais de uma vez, inclusive nos tempos da União Soviética, quando Moscou dominava 15 países com o ideário comunista.

Entre 1932 e 1933, cerca de 5 milhões de ucranianos morreram em decorrência do confisco de grãos ordenado por Josef Stálin. A tragédia, abordada no filme “A sombra de Stálin”, seria lembrada como Holodomor, termo que significa literalmente “deixar morrer de fome”.

Décadas depois, com o esfacelamento do império soviético, várias nações se veriam independentes, podendo optar por fazer parte da União Europeia e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Trata-se da aliança militar formada pelos aliados em 4 de abril de 1949, para evitar que as tropas russas ocupassem a Europa destroçada pela Segunda Guerra.

Stálin, por sua vez, criara o Pacto de Varsóvia. Mediante esse tratado, as nações soviéticas se obrigavam a agir conjuntamente, caso alguma delas fosse atacada por um país membro da Otan. Começava assim a chamada guerra fria, que se estenderia até 1991. Teoricamente, após a derrocada do bloco soviético, a Otan não faria mais sentido. No entanto, ganhou o reforço de países outrora ligados à Rússia.

Separatistas da Crimeia

Em fevereiro de 2014, o presidente ucraniano Viktor Yanukovych, aliado de Moscou, foi destituído por uma revolução popular após 93 dias de protestos contra o seu governo. Os governantes da Crimeia e de Sevastopol (subdivisões da Ucrânia localizadas na península da Crimeia e habitadas por maiorias de língua e de etnia russas) reagiram ao que chamaram de golpe de Estado.

Em março do mesmo ano, foi realizado um referendo sobre o estatuto político da Crimeia. Consta que 97,47% dos votantes escolheram fazer parte da Federação Russa, em vez de apoiar o novo governo, favorável à entrada da Ucrânia na União Europeia e, consequentemente, na Otan.

Yanukovych governara o país entre 2010 e 2014. Acusado de corrupção, em janeiro de 2019 ele seria condenado à revelia a 13 anos de prisão por alta traição pelo tribunal ucraniano. Nesse meio tempo, no Leste do país, estourou uma guerra civil entre forças separatistas e tropas leais ao novo governo.

A frieza do urso Putin

O presidente russo, Vladimir Putin, não é santo nem bobo. Forjado militarmente nos quartéis da KGB, ele é frio, calculista e extremamente estratégico. Depois de vários avisos, como um urso acuado, decidiu invadir a Ucrânia supostamente em apoio àqueles que desejam que o país faça parte da Federação Russa. 

Por outro lado, o próprio Putin alertou que “a futura expansão da Otan em direção ao Leste é inaceitável”. Pelo visto, a Casa Branca e seus aliados subestimaram o rival. Convém lembrar que países europeus consomem gás fornecido pela Rússia. É o caso da Alemanha, que acaba de fechar três de suas seis usinas nucleares e pretende eliminar o uso de carvão na produção de energia elétrica.

Resta saber se as tropas russas se deterão dentro das fronteiras ucranianas, ou se a ocupação é apenas um ensaio de Putin para a adoção de uma política expansionista como a de Stálin. Se for assim, podemos estar à beira de um conflito de consequências incalculáveis.

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