Nuland foi a principal responsável pelo golpe de Estado na Ucrânia entre 2013 e 2014, cujo desdobramento é o atual conflito armado com a Rússia
A subsecretária de Estado dos EUA para Assuntos Políticos, Victoria Nuland – especialista em golpes de Estado, destacou a importância do papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na promoção de eleições livres e transparentes na Venezuela. Segundo ela, o Brasil pode ter influência decisiva para convencer o presidente venezuelano Nicolás Maduro a permitir um processo eleitoral justo em seu país, disse ela, em entrevista aos jornalistas Daniel Gullino e Eliane Oliveira, do jornal O Globo. “Com a liderança do Brasil em tudo isso, e particularmente sua habilidade (diplomática), esperamos que influencie Maduro para realmente permitir um campo livre e justo para essas eleições, para garantir que todos os candidatos possam concorrer, que haja livre acesso à mídia, que as primárias estão abertas, todos esses tipos de coisa”, disse ela.
Após uma série de reuniões em Brasília com autoridades brasileiras, incluindo Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, e Maria Laura Rocha, secretária-geral do Itamaraty, Nuland concedeu uma entrevista ao jornal O Globo. Durante a conversa, foram abordados diversos temas, como a crise política na Venezuela, a situação na Nicarágua e os esforços para mediar o fim da guerra na Ucrânia.
A subsecretária de Estado ressaltou a parceria entre os Estados Unidos e o Brasil e destacou o compromisso conjunto na busca por uma eleição livre e justa na Venezuela. Victoria Nuland enfatizou o esforço em garantir que todos os candidatos tenham oportunidades iguais, acesso livre à mídia e primárias abertas, visando uma eleição transparente e democrática no país vizinho.
Além da questão venezuelana, a diplomata abordou o papel do Brasil como possível mediador na Guerra da Ucrânia, ressaltando a importância do diálogo diplomático entre a Ucrânia e a Rússia. Ela elogiou o interesse demonstrado por diversos países, incluindo o Brasil, em promover uma paz justa e baseada nos princípios da Carta da ONU na região.
Outro ponto destacado durante a entrevista foi a situação na Nicarágua, onde o presidente Daniel Ortega tem enfrentado críticas e pressões internacionais. Nuland expressou a esperança de que o presidente Lula possa influenciar positivamente Ortega e buscar soluções para respeitar os direitos humanos e libertar os padres detidos por discordarem do governo.
A subsecretária também comentou sobre a democracia brasileira, reforçando o apoio do governo americano ao sistema eleitoral sólido do Brasil e sua crença no processo democrático no país. Ela mencionou que o Brasil possui uma influência diferenciada na relação com a Rússia e a China, e que a cooperação entre os dois países pode resultar em avanços significativos.
Em relação à crise climática e à preservação da Amazônia, Victoria Nuland falou sobre os esforços dos Estados Unidos em investir no Fundo Amazônia e buscar a cooperação com o Brasil para enfrentar os desafios ambientais. O presidente Biden já havia prometido uma contribuição de US$ 500 milhões para o fundo durante a visita do presidente Lula a Washington.
Encerrando a entrevista, a diplomata enfatizou a importância de apresentar o caso ao Congresso dos Estados Unidos para garantir o investimento no Fundo Amazônia, destacando os benefícios mútuos dessa cooperação entre os dois países.
Nuland foi a principal responsável pelo golpe de Estado na Ucrânia entre 2013 e 2014, cujo desdobramento é o atual conflito armado com a Rússia. Em certa ocasião, vazou um telefone entre ela e os golpista ucranianos em que ela disse: “que se foda a União Europeia”, quando tratava da nomeação do interventor após o golpe do Euromaidan.