Putin fala sobre as principais questões na Rússia

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A coletiva de imprensa abordou uma ampla gama de tópicos, fornecendo insights sobre a posição da Rússia em relação a questões geopolíticas atuais

O presidente russo, Vladimir Putin, concedeu uma coletiva de imprensa no sábado à noite (12), respondendo perguntas de dezenas de jornalistas por cerca de uma hora. Ele discutiu vários assuntos, incluindo a contenção das forças ucranianas, relações com países africanos e os riscos de um confronto direto com os EUA na Síria, bem como o fortalecimento da defesa da Ponte da Crimeia.

Relações com a África: Putin destacou que o continente africano mantém uma postura “altamente amigável e positiva” em relação à Rússia. Ele ressaltou a ajuda específica que a Rússia prestou aos países africanos em sua luta pela independência. Os estados africanos buscam projetos mutuamente benéficos com a Rússia, não buscando favores financeiros. O presidente sublinhou que “não houve um único pedido direto por ajuda financeira”.

Iniciativa de Paz Africana: Sobre a iniciativa africana para a resolução do conflito na Ucrânia, Putin mencionou que alguns pontos já estão sendo implementados, mas há desafios difíceis de superar. Ele apontou que um dos pontos, o cessar-fogo, é problemático devido às operações militares em curso na Ucrânia. Putin enxerga essa iniciativa como um possível caminho para promover a paz, semelhante a outras iniciativas, como a proposta pela China.

Ajuda Alimentar Gratuita: Putin explicou que a disposição da Rússia em fornecer grãos gratuitamente a alguns países africanos não está relacionada à iniciativa africana na Ucrânia. As entregas começarão em três ou quatro meses, permitindo que as nações africanas compartilhem parte dos lucros gerados pelo aumento dos preços globais dos alimentos após a conclusão do acordo de grãos.

Contenção das Forças Ucranianas: O presidente informou que as forças armadas da Ucrânia foram detidas e repelidas em todas as direções devido a perdas significativas, levando-os a recuar com suas unidades de assalto. Ele sublinhou que essa ação foi tomada para proteger a região central da Rússia.

Questões com os EUA na Síria: Putin expressou a relutância da Rússia em entrar em um confronto direto com os EUA na Síria. Ele enfatizou a importância de comunicação e coordenação para evitar incidentes indesejados entre as forças dos dois países na região.

 

Suspensão do acordo de grãos e situação militar na Ucrânia

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a suspensão do acordo de exportação de grãos, buscando que as promessas feitas sejam cumpridas. Ele usou a analogia: “Lembrem-se do famoso ditado: ‘Pode-se ter cadeiras pela manhã, dinheiro à noite?’‘Pode, mas não dinheiro adiantado’. Aqui já é hora de seguir em frente, é hora de fazer algo“, disse o presidente. No entanto, segundo ele, as tentativas de impedir a exportação russa de alimentos e fertilizantes têm sido malsucedidas: “Continuamos líderes na venda de trigo, apesar de todos os esforços para nos prejudicar, e também em fertilizantes”.

Andamento da Operação das Forças Armadas Russas: Putin relatou que as forças militares ucranianas não obtiveram sucesso em nenhum dos fronts onde tentaram avançar: “O inimigo foi parado e repelido em todos os lugares”. Devido a perdas significativas, as forças armadas ucranianas recuaram, enviando suas unidades de assalto para áreas de reabilitação. Além disso, ele observou que eles mudaram de tática para reduzir as perdas de equipamentos: “Eles trazem os soldados, lançam-nos e os equipamentos desaparecem imediatamente, eles avançam a pé em direção ao ataque”. Isso resulta em grandes perdas de combatentes.

Desde o início da chamada contraofensiva, Kiev perdeu 415 tanques e “mais de 1.300 unidades de veículos blindados de diferentes classes”.

Na zona de responsabilidade do comandante da força-tarefa do “Centro”, Andrey Mordvichev, os militares russos “não apenas repeliram os ataques do inimigo, mas também lançaram contraofensivas”. “Eles avançaram em duas áreas. Em uma delas, eles avançaram cerca de 15 km na linha de frente e aproximadamente 4 km em profundidade”, enfatizou Putin.

Sobre o Comando Militar: “Não considero meu papel como o de comandar as forças armadas, isso é incorreto e até prejudicial. No entanto, é claro que estou a par do que está acontecendo lá. Várias vezes por dia, entro em contato com a liderança do Ministério da Defesa, se necessário, e com unidades específicas”, observou o presidente.

Sobre a Transferência de Combatentes de “Azov” para Kiev: A Rússia e a Turquia tinham acordos em relação à presença dos combatentes do batalhão nacionalista “Azov” na república (considerado uma organização extremista e proibido na Rússia): “Havia acordos, não falaremos mais sobre isso por entuanto”.

Transferência de combatentes do “Azov” para Kiev não influenciou decisão de saída da Rússia do acordo de grãos. Putin esclareceu que “uma coisa não tem nada a ver com a outra”.

Planos Futuros: Putin planeja se encontrar com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan – eles já concordaram com isso antes das eleições de maio na Turquia: “Ele virá até nós ou eu irei até ele, veremos”.

Sobre não participar da cúpula do BRICS na África do Sul, ele disse: “Não acho que minha presença na cúpula do BRICS seja mais importante do que estar na Rússia neste momento”.

Em relação a uma possível viagem à cúpula do G20 na Índia, a decisão ainda não foi tomada: “Eu ainda não sei, não pensei, não decidi, veremos”.

Sobre a segurança da Ponte da Crimeia: Após o ataque terrorista na Ponte da Crimeia, as forças armadas russas “desferiram uma série de ataques preventivos” nos locais de onde os drones partiram e nos locais onde foram produzidos, disse Putin. Ele afirmou que já há propostas para aumentar a segurança da estrutura: “Isso envolve proteção técnica e física, usando outros meios técnicos. Não é caro, mas espero que seja confiável”.

Sobre “não estarmos em 1937”: “Estamos em 2023, e a Federação Russa está em um estado de conflito armado com um vizinho. Acredito que devemos ter uma abordagem específica em relação às pessoas que causam danos internamente ao país“, disse o presidente. Quanto a prisões “por coisas escritas”, “na Ucrânia, eles atiram por isso, bem, não por isso, mas por coisas semelhantes”, enfatizou ele. Putin acrescentou: “Isso não significa que devemos agir assim, mas devemos ter em mente que, para alcançar o sucesso, inclusive na zona de combate, precisamos cumprir certas regras”.

Putin não tem conhecimento das prisões do politólogo Boris Kagarlitsky (reconhecido como agente estrangeiro na Rússia) e da diretora Evgeniya Berkovich: “Posso dizer honestamente que nem sei de quem você está falando. Eu ouço esses nomes pela primeira vez e não entendo muito bem o que eles fizeram ou o que foi feito com eles”.

Sobre os riscos de confronto com os EUA na Síria: “Estamos sempre preparados para qualquer cenário, mas ninguém deseja isso, e a pedido da parte americana, criamos um mecanismo especial para evitar esses conflitos”, afirmou o líder russo.

Sobre o controle temporário de ativos estrangeiros: As autoridades russas não têm planos imediatos para tomar novas decisões sobre a transferência de ativos de empresas estrangeiras para administração temporária: “No momento, nada do tipo está sendo preparado. O que aconteceu estava relacionado ao fato de que a administração dessas empresas estava tentando pressionar cidadãos russos – seus funcionários – intimidando-os com possíveis demissões em caso de expressão de uma determinada posição cívica. Espero que nada semelhante se repita no futuro”.

Tais decisões não envolvem a expropriação de propriedade: “Não estamos tirando nada de ninguém”.

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