Real revela o que investidores pensam do Brasil

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
O governo comemora a recuperação da economia, o crescimento das exportações e o aumento da receita tributária. Mas a volatilidade e a contínua fraqueza da moeda nacional mostram: os investidores não confiam em Bolsonaro.

Quando se olha para o desenvolvimento da economia brasileira no primeiro semestre do ano, os dados consistentemente positivos surpreendem. Espera-se que, em 2021, o Brasil cresça quase 6%. Nas próximas semanas, a economia brasileira poderá voltar ao nível em que se encontrava antes de a pandemia eclodir.

A economia de exportação do Brasil decola: sobretudo commodities da agricultura e da mineração passam atualmente por um ciclo positivo. Mas as exportações de produtos industrializados para a América Latina também ganharam corpo. No geral, as exportações no primeiro semestre aumentaram cerca de um terço em comparação com o mesmo período do ano passado.

Ao mesmo tempo, as importações também estão aumentando significativamente – um sinal de que as empresas estão investindo novamente. As importações de máquinas e equipamentos cresceram fortemente, e o investimento estrangeiro direto em empresas brasileiras permanece surpreendentemente elevado.

Com a pandemia, o déficit em conta corrente do Brasil caiu drasticamente – em quase dois terços, para agora apenas 1,3% do PIB. Isso é um bom sinal. Porque uma balança corrente equilibrada em um mercado emergente como o Brasil significa que não há o perigo de que o país possa se tornar insolvente.

O Brasil não tem uma escassez de moeda estrangeira, como a Argentina está experimentando atualmente. Muito pelo contrário: estão fluindo tantos dólares para o Brasil que o Banco Central dificilmente precisará recorrer às reservas de divisas para atender a demanda.

Apreensão entre investidores se explica

Por isso é ainda mais espantoso que os investidores financeiros continuem cautelosos em relação ao Brasil. Algo que se reflete na taxa de câmbio. O nervosismo dos investidores se expressa na alta volatilidade. Flutuações diárias de 3% ou 4% mostram que os investidores estão incertos sobre o curso econômico do governo. Apesar da recuperação dos últimos dois meses, o real ainda é uma das moedas mais fracas dos mercados emergentes desde o início da pandemia.

No mundo perfeito de um modelo econômico, dada a rápida recuperação da economia brasileira, os investidores teriam agora que tirar proveito da fraqueza do real e investir maciçamente no Brasil: seja nos mercados financeiros, corporativos, imobiliários ou nas bolsas, os ativos brasileiros são baratos e poderiam ganhar valor adicional com um real mais forte como fator acelerador.

No entanto, os investidores estão se retraindo. A razão é: eles desconfiam de um governo cujos índices de popularidade estão afundando e que, portanto, está seguindo um caminho cada vez mais irracional – não apenas na luta contra o Judiciário e a mídia, mas também na economia. Um exemplo disso é a reforma tributária que o governo levou ao Congresso há algumas semanas. Em poucos dias, os deputados fatiaram o texto e inverteram as intenções do projeto.

É previsível que a desconfiança dos investidores aumente. Diante do declínio da popularidade, o governo aumentará as concessões para aliados no “centrão”, bem como a ajuda social, especialmente no Nordeste. Como resultado, é provável que o orçamento caia ainda mais em déficit – apesar da alta receita tributária que o ministro da Economia Paulo Guedes comemorou recentemente.

Hoje não há melhor indicador do que a taxa de câmbio do real para ter uma ideia do que os investidores pensam do governo Bolsonaro. No momento, eles estão mostrando os polegares para baixo. (pelo jornalista Alexander Busch | DW)

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