Documento assinado por Putin detalha cenários para emprego de arsenal nuclear em defesa nacional e de aliados
Uma doutrina nuclear renovada para tempos de tensão global
O presidente russo Vladimir Putin aprovou mudanças significativas na doutrina nuclear do país, detalhando os cenários em que o uso de armas atômicas seria autorizado. O documento, publicado no site oficial do Kremlin, reforça que a política de dissuasão nuclear da Rússia é de natureza defensiva, mas não descarta o uso em situações extremas.
Segundo a nova diretriz, a Rússia vê as armas nucleares como um último recurso, buscando, sempre que possível, evitar conflitos que possam escalonar para confrontos atômicos. No entanto, o país destaca que mantém seu arsenal em um nível suficiente para garantir a proteção de sua soberania, integridade territorial e a dissuasão de adversários.
Pilares da nova doutrina nuclear – O documento traz pontos-chave que delineiam a estratégia russa:
- Dissuasão como objetivo principal: A Rússia utiliza seu arsenal nuclear como ferramenta para prevenir agressões contra o país ou seus aliados.
- Resposta a ameaças convencionais e nucleares: A Rússia se reserva o direito de empregar armas nucleares em caso de ataque com armas de destruição em massa (nucleares, químicas ou biológicas) ou mesmo com armamentos convencionais, caso a agressão ameace criticamente sua soberania ou integridade territorial.
- Alianças e apoio a aliados: Um ataque contra a Rússia ou a República da Bielorrússia será considerado uma ameaça ao Estado da União, desencadeando uma resposta proporcional, que pode incluir o uso de armas nucleares.
- Coalizões e envolvimento indireto: Estados que disponibilizem território, espaço aéreo ou marítimo para apoiar ataques contra a Rússia serão considerados cúmplices de agressão.
Decisão centralizada e reação conjunta
A doutrina reafirma que a decisão de empregar armas nucleares é prerrogativa exclusiva do presidente da Federação Russa, sublinhando o papel central de Putin no comando estratégico. Além disso, a Rússia enfatiza que qualquer agressão de uma coalizão militar, como a OTAN, será tratada como um ataque conjunto de toda a aliança, aumentando os riscos de escalada.
Contexto geopolítico e impacto global
O novo documento surge em um contexto de tensões crescentes, com a Rússia envolvida em confrontos estratégicos na Ucrânia e rivalidades intensificadas com o Ocidente. Analistas avaliam que a atualização reflete a percepção de Moscou sobre um ambiente global cada vez mais desafiador, no qual alianças militares rivais e avanços tecnológicos pressionam a posição da Rússia como potência global.
Embora a doutrina reforce o compromisso de evitar conflitos nucleares, ela também deixa claro que Moscou está preparada para responder de forma contundente a qualquer ameaça existencial.