Saiba quem é “cara do agro”, o golpista na mira da PF

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O “cara do agro” na mira da PF: Germano Nogueira e o elo com o golpe de 2022

REPÓRTER BRASIL – Pecuarista mato-grossense organizou manifestação golpista a convite do general Mário Fernandes, ex-auxiliar de Bolsonaro, preso por envolvimento em plano para assassinatos de autoridades. Investigação aponta forte ligação entre o agronegócio e as tentativas de reverter o resultado das eleições.

Germano Nogueira: do agronegócio à tentativa de golpe

Entre fotos familiares e vídeos de apoio sutil ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um nome começa a ganhar notoriedade nas investigações da Polícia Federal sobre as manifestações golpistas de 2022: Germano Schaffel Nogueira. Pecuarista do Mato Grosso, Nogueira é apontado como um dos organizadores das manifestações que buscaram impedir a posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora seu apoio nas redes sociais tenha sido discreto, a sua atuação nas ruas foi decisiva para a mobilização de grupos ligados ao agronegócio, caminhoneiros e outros apoiadores do ex-presidente.

A Polícia Federal (PF) descobriu que Nogueira, com o incentivo do general da reserva Mário Fernandes, foi o responsável pela organização da “Manifestação pela Liberdade”, realizada em 30 de novembro de 2022, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O evento, que visava pressionar o governo e questionar o resultado das eleições, é descrito pela PF como uma ação para fortalecer a ideia de uma intervenção militar, com base em uma interpretação distorcida do artigo 142 da Constituição, que, segundo os golpistas, justificaria uma “ação moderadora” dos militares no processo político.

O envolvimento com o general Mário Fernandes

O general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-geral da Presidência de Bolsonaro, foi preso em 19 de novembro de 2023 por sua participação em um plano que visava não apenas a tentativa de golpe, mas também a eliminação de figuras chave como o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Fernandes foi um dos responsáveis por coordenar a ocupação de quartéis após as eleições de 2022, com a participação ativa de manifestantes do agronegócio e de outros setores da sociedade favoráveis ao golpe.

O relatório da PF detalha que o ex-oficial usou suas conexões com figuras do agronegócio, como Nogueira, para fortalecer as manifestações e criar uma pressão popular. A interação entre os dois, registrada em comunicações e mensagens, revela o caráter coordenado da ação golpista. Mesmo após a fracassada manifestação de 30 de novembro, Fernandes orientou Nogueira a continuar com os protestos, reforçando o vínculo entre o pecuarista e o movimento golpista.

O “cara do agro” e suas conexões

A investigação revelou que, além de Nogueira, outras figuras do agronegócio estariam envolvidas nas manifestações. Embora o advogado de Nogueira negue que seu cliente tenha representado o setor agropecuário de maneira formal, o envolvimento de empresários rurais com os atos antidemocráticos já foi identificado em outros casos. A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, por exemplo, apontou que empresários do agro financiaram manifestações, inclusive com o uso de um “PIX do golpe”, e enviaram caminhões para reforçar a presença nas manifestações em Brasília.

No caso de Nogueira, ele é dono de duas fazendas em Castanheira (MT) e também possui empresas de assessoria agropecuária e de segurança privada. Seu nome aparece também em investigações relacionadas a danos ambientais, incluindo um acordo de recuperação de áreas degradadas em 2014, junto à Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso.

A pressão sobre Bolsonaro e a continuidade da tentativa de golpe

Em conversas interceptadas pela PF, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o general Fernandes discutem a pressão crescente para que o ex-presidente tomasse medidas mais drásticas. Cid menciona especificamente a pressão de um “cara do agro”, destacando o envolvimento de alguns deputados e empresários do setor. Embora Nogueira não tenha sido diretamente identificado como um dos principais responsáveis por essas pressões, sua presença em manifestações e sua relação com figuras militares indicam seu envolvimento mais ativo na tentativa de reverter o resultado eleitoral.

O apoio de Nogueira a Bolsonaro é ambíguo, mas sua participação em atos golpistas, como a manifestação de 30 de novembro, e sua associação com o general Fernandes revelam a linha tênue entre apoio político e envolvimento em atividades que questionam a ordem democrática do país.

O “agro” no centro do debate político

O envolvimento de representantes do agronegócio nas manifestações golpistas não é um fenômeno isolado. O agronegócio e seus representantes, especialmente no Mato Grosso, têm sido constantemente citados como aliados do movimento bolsonarista e de outras ações que desafiam a democracia. Ao longo de 2022, a PF e outras autoridades investigaram a atuação de empresários rurais em movimentos contrários ao resultado das eleições e a tentativa de minar a legitimidade do governo eleito.

Em um contexto político polarizado, figuras como Germano Nogueira desempenham um papel crucial ao articular e fomentar mobilizações que tentam minar o processo democrático. As investigações, porém, continuam em andamento, e o papel do agro nesse cenário ainda está sendo minuciosamente analisado pelas autoridades.

Quando o agro se mistura com o golpe, até o campo político vira uma plantação de conspirações! 🌱💥

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