Santarém: contaminação por mercúrio assola população de forma indiscriminada

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As consequências dos garimpos ilegais na Amazônia demonstra a letargia da atuação dos governos, ao mesmo tempo, são um sinal da impunidade para quem pratica mineração ilegal

Ribeirinhos da região de Santarém, no Oeste do Pará, apresentam altas taxas de mercúrio no organismo. Pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará –  UFOPA coletaram amostras de sangue em oito comunidades ribeirinhas na bacia do Tapajós e de moradores da área urbana de Santarém. Os exames detectaram a presença de mercúrio em todos os 462 participantes. Um total de 75% deles estavam com as taxas acima do limite considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde – OMS.  Em quase todos os ribeirinhos e em mais da metade dos moradores da área urbana foram encontradas pessoas com aproximadamente 300 microgramas por litro de mercúrio no sangue.  A OMS recomenda que o nível considerado aceitável é de 10. 

Segundo os pesquisadores da UFOPA, os desmatamentos, as queimadas, a construção de barragens, por exemplo, fazem com que o mercúrio encontrado naturalmente no solo seja liberado na atmosfera ou nos rios da Amazônia. Mas a principal causa da contaminação nas comunidades, está relacionada ao avanço dos garimpos ilegais que despejam na bacia do rio Tapajós, toneladas de mercúrio usado na extração de ouro. 

Quando o mercúrio utilizado nos garimpos vai parar nos rios, o metal  sofre um processo químico e se torna muito mais tóxico. É esse tipo de mercúrio que se acumula nos peixes, principal dieta alimentar e fonte de proteína na Amazônia.  

A intoxicação por mercúrio pode provocar problemas respiratórios, renais e principalmente ao sistema nervoso. Nas grávidas a contaminação por mercúrio aumenta o risco de danos no desenvolvimento dos bebês.

A proibição do consumo de peixes na região provocaria um sério problema econômico – ao restringir, por exemplo, a venda de peixes. A insegurança alimentar seria também um problema social gravíssimo. Mas é preciso alertar que essas populações estão expostas e com a saúde em risco. 

Segundo organizações ambientais, a área ocupada por garimpos em terras indígenas e unidades de conservação na Amazônia aumentou quase 500% em 10 anos.  Parte dessas áreas invadidas ficam na bacia do Tapajós.  

A pesquisa é feita em Santarém e deve se estender a outras cidades amazônicas. O estudo mostra que o problema está se espalhando de forma abrangente, além do que se imaginava. É preciso combater os garimpos ilegais para cessar a contaminação dos amazônidas.

As consequências dos garimpos ilegais na Amazônia demonstra a letargia da atuação dos governos, ao mesmo tempo, são um sinal da impunidade para quem pratica mineração ilegal.

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