Sete de setembro: independência ou morte?

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Parada militar coincidindo com o ato popular convocado para o dia 7 de Setembro poderá ser um divisor de águas em termos de radicalização das pretensões de Bolsonaro

Tudo indica que Bolsonaro e grupos bolsonaristas preparam para o dia sete de setembro, em Brasília, uma manifestação que pode se transformar num dos atos mais violentos contra as instituições democráticas da República.

Há muito circula nas redes sociais uma série de vídeos do cantor sertanejo Sérgio Reis, juntamente com lideranças de grupos empresariais, convocando os “patriotas” caminhoneiros, o movimento sertanejo e “homens de bens” para uma mega manifestação e um acampamento em Brasília a partir do dia 5 setembro em apoio ao ex-capitão.

Note-se que nas redes sociais do cantor há uma série de posts da rede Sest/Senat, indicando a ligação do ex-deputado com empresas do segmento de transportes no Brasil.

Nas convocações de Sérgio Reis, sempre ladeado por empresários e apoiadores do bolsonarismo, fica clara a intenção de transformar o evento militar numa demonstração do apoio de setores radicais da sociedade a Bolsonaro, utilizando como método a afronta às instituições democráticas, como por exemplo, ecoando o pedido para que o Exército interfira (ainda mais) nas instituições que freiam os arroubos autoritários do trainee de ditador de plantão.

Como se não bastasse, para o mesmo evento começa uma mobilização de religiosos ultraconservadores, a partir de convocação feita pelo empresário da religião, Silas Malafaia.

Acrescente-se que as redes sociais bolsonaristas estão ainda mais  alvoroçadas depois que o estrategista de Donald Trump, Steve Bannon, declarou recentemente que as eleições de 2022 no Brasil serão estratégicas para a extrema-direita global, porque “Jair Bolsonaro irá enfrentar o esquerdista mais perigoso do mundo, Lula”.

Como sabemos, acontece em 7 de Setembro, em Brasília, a tradicional parada militar das Forças Armadas. Neste sentido, o cenário que se projeta na capital federal é de uma conjunção de vários setores da extrema-direita, apoiadores de Bolsonaro e do bolsonarismo, a saber: segmentos do militarismo que resolveram bandear para a política; grupos da extrema-direita, representados por caminhoneiros e corporações; associações religiosas ultraconservadoras

(e reacionárias) e parcelas radicais da sociedade, difusas na classe média.

O cenário que se projeta será propício para que outros apoiadores do bolsonarismo do campo da política institucional se associem a esse ato de afronta as instituições democráticas e à democracia.

O evento em Brasília tem ingredientes atrativos para outras adesões. Por exemplo, lideranças políticas poderão se somar aos radicais da extrema-direita direita, potencializando o ato. Na disputa pelo voto impresso, na Câmara dos Deputados, por exemplo, além dos parlamentares já identificados com a extrema-direita, uma parte significativa de parlamentares do chamado centro e da direita inclinou-se ao bolsonarismo, evidenciando um claro descolamento daquilo que tradicionalmente classificamos como a direita democrática e “civilizada”.

Isto mostra claramente que, somando-se aos setores radicais da sociedade, Bolsonaro ainda goza do respaldo de parcelas do mundo político, militar, empresarial, religioso e corporativo, além do apoio canino de Lira. Uma coalizão que lhe sustenta e torna pouco provável o avanço de um processo de impeachment, neste momento.

Bolsonaro deixa claro que não aceitará os resultados das eleições do próximo ano se o pleito não lhe for favorável. Vislumbrando a derrota eleitoral, a única saída que lhe resta é o fortalecimento das suas bases radicais de apoio na sociedade e em setores do Estado para uma ruptura (à força).

A parada militar coincidindo com o ato popular convocado para o dia 7 de Setembro poderá ser um divisor de águas em termos de radicalização das pretensões de Bolsonaro (e do bolsonarismo) e mais uma tentativa de demonstração de força rumo à ruptura democrática. A depender dos “resultados” norteará  o futuro da República.

De fato, a corda está sendo esticada à exaustão. Mais cedo ou mais tarde arrebentará. As instituições democráticas insistem no bordão que “estão funcionando”. A radicalização próspera. Sinais de ruptura abundam… E paira a dúvida, nessa altura: quem sairá vitorioso dessa insana disputa, o bolsonarismo e a extrema-direita ou a democracia?

Portanto, nunca o lema da independência foi tão atual: independência do Brasil (de Bolsonaro) rapidamente, ou morte agônica (da democracia). (por Robson Sávio Reis Souza)

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