Sobrevivência ameaçada, seres humanos podem ser os responsáveis pela sexta extinção em massa

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
A manutenção de hábitos excessivos por grande parte da humanidade sacrifica o meio ambiente ecologicamente equilibrado

É fato conhecido que o planeta terra e suas riquezas naturais, como a biodiversidade da fauna e da flora, estão em risco. A consciência dessa situação foi o que motivou a realização de diversos eventos internacionais para discutir a questão ambiental, como a Conferência de Estocolmo e as conferências Rio +10 e Rio + 20.

Quando pensamos nas ações que levam a tal situação nos vem à mente atitudes grandiosas potencialmente lesivas em si mesmas. Dessa forma, direcionamos a indignação e reivindicações a governos, grandes empresas e grupos.

Estes agentes, de fato, têm causado grandes impactos negativos no meio ambiente ao drenar os recursos de maneira insustentável em prol da produtividade. Entretanto, o que nós não percebemos é a maneira como o estilo de vida que estamos levando está contribuindo para o desmatamento, para as mudanças climáticas e para a destruição da fauna, da flora e, inclusive, dos seres humanos, tornando a sobrevivência futura na terra cada vez mais desafiadora.

A hesitação em responsabilizar cada cidadão pelos danos causados ao planeta reside na dificuldade em dimensionar os impactos que as atitudes individuais têm no meio ambiente, pois perdemos de vista que estas ações são praticadas em massa.

A manutenção de hábitos excessivos por grande parte da humanidade sacrifica o meio ambiente ecologicamente equilibrado, que é o bem mais importante para a vida digna dos habitantes atuais da terra e para a mera sobrevivência das futuras gerações.

Essa questão foi analisada na série Planeta Ameaçado produzida pela BBC e transmitida no Brasil pelo programa Fantástico da rede Globo. A série abordou diversos tipos de ameaças que o meio ambiente vem sofrendo por consequência das ações humanas, as quais, segundo eles, estão nos levando a uma possível sexta extinção em massa.

Estas afirmações são quase tão alarmantes quanto a situação atual em que nos encontramos, na qual espécies da fauna e da flora são dizimadas de forma cada vez mais rápida e a disseminação de doenças é situação cada vez mais comum.

A fauna mundial sofre grandes perdas em razão do desmatamento e das mudanças climáticas. Entretanto, um cenário muito triste e preocupante é o do tráfico de animais, o qual move um mercado milionário e ocupa o quarto lugar no ranking dos crimes internacionais, conforme os dados publicados pela série citada acima.

É importante ressaltar que o tráfico de animais assume tamanha dimensão somente porque existe uma demanda pelos animais silvestres, os quais, pela sua aparência exótica ou beleza, se tornam meros produtos no mercado de consumo e alvos dos luxos humanos.

Esse consumo exagerado também perpassa o ramo alimentício. A população mundial se encontra em ritmo de crescimento e aliado a isso as pessoas vem consumindo carne animal em quantidades que são insustentáveis, tendo em vista que para a produção de carne é necessário o sacrifício das vegetações naturais dos locais de criação, pois são transformadas em pasto para os animais ou são utilizados para plantações destinadas à alimentação do gado.

Além disso, a criação de animais para consumo humano é grande responsável pela emissão de CO², gás causador do efeito estufa. Segundo dados apontados em relatório das Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO, mais de um terço das emissões desse gás são geradas pelo sistema alimentar e cerca de dois terços de tais emissões são provenientes do setor agrícola.

Conforme relatório da FAO, um quarto da superfície terrestre é usada para o pasto de animais destinados ao consumo humano, e um terço da terra arável é usada para o plantio de cereais para a pecuária.

Além disso, a interação predatória do ser humano com a natureza está diretamente relacionada com o surgimento de várias doenças que vêm assolando a humanidade, como a Gripe Suína, a Sars, o Ebola, o HIV, e, mais atualmente, a Covid-19.

De acordo com os dados publicados na série “Planeta Selvagem”, 70% das doenças surgidas desde 1.940 são de origem animal. Assim, o desmatamento dos habitats naturais dos animais portadores dessas doenças e o tráfico de animais selvagens são práticas altamente disseminadoras de novas doenças. Ademais, o alto nível de consumo de carne pelas pessoas agrava a situação, pois os animais domésticos podem entrar em contato com os selvagens e se tornarem também portadores de doenças.

Os riscos decorrentes desse contato forçado do ser humano com as espécies selvagens é quase inimaginável, tendo em vista que, de acordo com um estudo realizado no novo relatório sobre biodiversidades e pandemias realizado pela ONU, do qual 22 especialistas participaram, existem mais de 850 mil vírus na natureza potencialmente infecciosos a humanos.

Os dados apontados acima demonstram que o planeta Terra não consegue mais sustentar o estilo de vida de excessos que marca a atualidade, assim a resposta que a natureza está apresentando frente às atitudes humanas é cada vez mais rápida e mortal. Portanto, é extremamente necessária a mudança de hábitos para que possamos usufruir dos recursos naturais de maneira sustentável hoje em dia, de forma a possibilitar a continuidade da existência das outras espécies e das futuras gerações.

VOZ DOA PARÁ: Essencial todo dia!

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