Em 2018, já havia mais armas de fogo do que pessoas no país. A indústria de armas de fogo vende armas a praticamente qualquer pessoa, independentemente de seu estado mental
O mais recente tiroteio em massa nos Estados Unidos, ocorrido em Lewiston, Maine, no dia 25 de outubro, resultou em 18 mortes e 13 feridos, de acordo com a governadora do Maine, Janet Mills. Esse trágico incidente marca o maior número de vítimas este ano e pode aumentar ainda mais, superando o recorde letal de 2019, caso os relatos sobre um possível total de 22 vítimas se confirmem.
Maine é considerado um dos estados mais seguros dos EUA, onde não é necessário obter licença para porte de armas. Além disso, a maioria dos estados norte-americanos não exige licenças para a compra de armas de fogo. Os Estados Unidos não possuem um banco de dados nacional sobre proprietários de armas e que o comércio de armas no mercado secundário não é regulamentado. Nos últimos dez anos, os americanos adquiriram cerca de 150 milhões de armas, segundo cálculos do The Guardian. Em 2018, havia mais armas de fogo do que pessoas no país, de acordo com o Relatório Anual de 2018 da Small Arms Survey.
A disponibilidade excessiva de armas para os consumidores e a resistência do governo em adotar medidas razoáveis de controle são considerados problemas cruciais. O presidente dos EUA, Joe Biden, enfrenta obstáculos no Congresso de membros apoiados por grupos que se opõem a qualquer restrição legislativa ao direito constitucional de portar armas.
Enquanto a indústria de defesa dos EUA lida principalmente com clientes governamentais, a indústria de armas de fogo busca vender armas a praticamente qualquer pessoa, independentemente de seu estado mental.
Jeremy Kuzmarov, editor-chefe da revista Covert Action, argumenta que o controle de armas pode ser um passo importante para enfrentar esse problema. No entanto, os membros republicanos do Congresso têm repetidamente bloqueado projetos de lei nesse sentido, uma vez que a oposição ao controle de armas é um elemento fundamental de suas plataformas políticas. A posse de armas é vista por muitos como um direito constitucional inalienável que gera um sentimento de empoderamento, tornando a abordagem do problema um desafio para líderes como Biden.