Centrais elogiam cortes, mas alertam sobre impacto nas políticas sociais e criticam influências externas sobre o governo
O anúncio das novas medidas do ajuste fiscal pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quinta-feira (28), foi recebido com aprovação pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela União Geral dos Trabalhadores (UGT). Em notas públicas, as centrais dos trabalhadores reconheceram as ações do governo federal, que incluem cortes de gastos obrigatórios e medidas de tributação. No entanto, a CUT fez críticas quanto à pressão do mercado financeiro e parte da mídia, que, segundo a entidade, tentam impor uma agenda de austeridade em detrimento das políticas sociais e do bem-estar da população mais vulnerável.
As medidas elogiadas
Entre os pontos mais positivos destacados pelas centrais está a isenção do imposto de renda para aqueles que recebem até R$ 5 mil. Para a CUT, essa iniciativa “alivia o bolso daqueles que mais contribuem para o desenvolvimento do Brasil”, ou seja, a classe trabalhadora que, atualmente, paga uma carga tributária mais elevada em comparação aos mais ricos. Além disso, a isenção é vista como uma medida de justiça social, pois ajuda a aliviar a pressão sobre as camadas da população com menor poder aquisitivo.
Outra medida aprovada pelas centrais foi a tributação dos rendimentos superiores a R$ 50 mil. Segundo a UGT, essa decisão representa um passo importante no enfrentamento da desigualdade social no Brasil. A central também enfatizou que a criação de uma “trava” para a renda mais alta ajuda a promover um sistema tributário mais progressivo, em que os mais ricos contribuem de forma mais justa.
Críticas ao ajuste fiscal e pressão do mercado
Apesar dos pontos positivos, a CUT fez questão de destacar suas preocupações com as consequências das políticas fiscais, especialmente no que se refere ao impacto nas políticas sociais. A central criticou a pressão do mercado financeiro, que tem insistido na necessidade de medidas de austeridade severas. Para a CUT, esse cenário acaba favorecendo a execução de cortes que afetam diretamente os mais pobres, em vez de buscar soluções que priorizem o bem-estar da população mais vulnerável.
A UGT também se mostrou preocupada com a possibilidade de que o ajuste fiscal acabe enfraquecendo as políticas públicas essenciais, como educação e saúde, e reduza a eficácia das iniciativas sociais.
O anúncio do governo federal trouxe à tona um debate importante sobre as medidas de ajuste fiscal e seu impacto sobre as camadas mais pobres da população. Embora as centrais sindicais tenham aprovado a maioria das medidas, incluindo a isenção do imposto de renda para os mais pobres e a tributação dos mais ricos, elas alertam sobre os riscos de uma agenda fiscal excessivamente focada no corte de gastos, sem uma preocupação efetiva com a proteção social. A expectativa é que o governo reanalise pontos específicos para equilibrar os interesses econômicos com a preservação dos direitos dos trabalhadores e das camadas mais vulneráveis.