Presidente eleito dos EUA promete medidas drásticas caso bloco de economias emergentes insista em criar moeda própria para substituir o dólar nas transações internacionais
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou um aviso severo contra os países do BRICS, dizendo que irá impor tarifas de 100% sobre os produtos provenientes dessas nações se tentarem criar uma moeda reserva que desafie a hegemonia do dólar. A ameaça, feita no último sábado em sua plataforma Truth Social, reflete a postura combativa de Trump em relação aos desafios econômicos globais e seu desejo de proteger a primazia do dólar no comércio internacional.
A ameaça de Trump e o cenário geopolítico
Trump tem sido um crítico ferrenho das tentativas de algumas potências emergentes de diminuir a dependência do dólar nas transações internacionais. De acordo com o presidente eleito, os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão tentando afastar-se da moeda americana, uma estratégia que ele considera inadmissível. Em sua postagem, Trump afirmou categoricamente: “A ideia de que os países do BRICS estão tentando se afastar do dólar enquanto nós ficamos parados e assistimos acabou.”
Ele seguiu com uma ameaça direta: exigirá que as nações do BRICS se comprometam a não criar uma moeda comum, nem apoiar qualquer outra moeda que rivalize com o dólar. Caso contrário, o governo dos EUA aplicará tarifas de 100% sobre seus produtos. “Eles que procurem outro ‘otário’!”, disse Trump em tom provocativo.
O BRICS e a busca por alternativas ao dólar
O BRICS, que originalmente era composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, expandiu-se recentemente para incluir Egito, Irã, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. Além disso, cerca de 30 outras nações estão interessadas em ingressar no grupo de economias emergentes. A possibilidade de criar uma moeda própria surgiu como uma discussão importante dentro do bloco, especialmente após declarações feitas por líderes, como o presidente russo, Vladimir Putin.
A Rússia, que atualmente preside o BRICS, sugeriu a criação de uma moeda comum já em 2022. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva apoiou essa ideia no ano seguinte, argumentando que ter uma alternativa ao dólar nas transações internacionais reduziria a “vulnerabilidade” do bloco às flutuações da moeda americana.
Porém, apesar das discussões em torno de uma moeda única, os líderes do BRICS, em sua última cúpula realizada na cidade russa de Kazan, decidiram não avançar com a proposta. Em vez disso, optaram por criar um sistema de pagamentos transfronteiriços paralelo à rede SWIFT e reforçar o uso de moedas locais nas trocas comerciais.
A posição do Kremlin e as palavras de Putin
O governo russo, por meio de seu porta-voz Dmitry Peskov, afirmou que a cooperação dentro do BRICS não visa combater o dólar ou qualquer outra moeda, mas sim defender os interesses dos países membros. A ideia de utilizar moedas locais nas transações comerciais bilaterais foi defendida por Putin, que alegou que essa medida ajudaria a manter o desenvolvimento econômico livre de influências políticas externas.
Trump e a estratégia de tarifas comerciais
A ameaça de Trump de aplicar tarifas pesadas não é uma novidade em sua abordagem para atingir objetivos geopolíticos e econômicos. Ele tem defendido o uso de tarifas como uma forma de corrigir déficits comerciais dos Estados Unidos, forçar a reindustrialização do país e alcançar uma série de metas no cenário global.
Além das tarifas contra o BRICS, Trump já sugeriu uma tarifa geral de 20% sobre todos os produtos importados. Além disso, ele ameaçou aumentar em 25% as tarifas sobre o comércio com Canadá e México, caso esses países não colaborem para reduzir o fluxo de migrantes e drogas para os EUA. No caso da China, Trump anunciou recentemente uma tarifa adicional de 10% sobre os produtos chineses até que o governo de Pequim tome medidas efetivas contra a produção e o tráfico de fentanil, um opioide sintético perigoso.
O que está em jogo para o futuro das relações comerciais
A questão da criação de uma moeda alternativa ao dólar pelo BRICS e as medidas de Trump têm implicações diretas sobre as relações comerciais e geopolíticas globais. Se a ameaça de Trump se concretizar, o comércio internacional entre os países do BRICS e os Estados Unidos poderá sofrer grandes impactos, especialmente em um momento em que o bloco está buscando maior autonomia econômica. A disputa pela supremacia da moeda global parece estar longe de uma solução, e os próximos passos dos líderes do BRICS, bem como a resposta dos Estados Unidos, serão cruciais para determinar o futuro do comércio internacional.
Trump disse que, se o BRICS quiser desafiar o dólar, melhor ir preparando a carteira para tarifas de 100%. Parece que o ‘jogo de moedas’ vai ser mais caro do que a gente imaginava!