‘Um Lugar Silencioso 2’ traz a adolescente surda Regan como protagonista

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
16 meses depois do primeiro, o filme finalmente chega ao público brasileiro, com estreia na quinta (22)

Era sete de março de 2020. John Krasinski e Emily Blunt falam animadamente de Um lugar silencioso 2, a continuação de seu sucesso de dois anos antes, no Crosby Street Hotel, em Nova York. No dia seguinte, o casal comparece à pré-estreia do filme em Nova York. Nem eles sabiam que o filme seria adiado por mais de um ano nem a repórter tinha noção de que seria sua última entrevista presencial. Na quinta-feira, 11, a NBA suspendia a temporada, e os Estados Unidos fechavam por conta da pandemia. Poucos dias depois, era a vez do Brasil. Agora, 16 meses depois, o filme finalmente chega ao público brasileiro, com pré-estreia nesta quarta (21), e estreia na quinta (22).

Como o longa original, Um lugar silencioso 2 se passa num mundo pós-apocalíptico em que monstros chegam aos humanos por meio do som (com spoiler). A família Abbott, agora composta por Evelyn (Emily Blunt), Marcus (Noah Jupe), Regan (Millicent Simmonds) e um bebê, lida com a perda do pai e marido, Lee (John Krasinski), que se sacrificou no filme anterior. Não resta a eles outra saída que não sair da fazenda onde se refugiaram e perseguir as tochas avistadas na primeira produção. “Eu nunca pensei que faríamos uma sequência, eu coloquei isso no filme anterior por causa das minhas aulas de História Medieval. Era uma forma de comunicação”, disse Krasinski.

Na verdade, o roteirista e diretor, que trabalhou sobre o roteiro de Bryan Woods e Scott Beck no primeiro filme, mas agora assina a história sozinho, garantiu que como o público sempre é muito crítico em relação às sequências. “Foi muita pressão fazer o segundo filme, porque antes de ser ator, diretor, roteirista, sou espectador. Sendo assim, fico meio ressabiado com certas sequências. Muitas parecem apenas sem sentido, ou uma forma de ganhar dinheiro”, contou Krasinski.

Por isso, sua primeira resposta ao convite de fazer outro filme foi “não, obrigado”. Mas aí os produtores pediram que ele escrevesse apenas um argumento simples baseado na única ideia que Krasinski dizia ter, que eles contratariam outro diretor e roteirista. “A ideia era que Regan seria a protagonista”, observou Krasinski. Só que ele logo percebeu que queria escrever e dirigir o filme, sim. “O primeiro filme é uma carta para minhas filhas sobre o que eu acho que é ser um pai. E o segundo é uma carta sobre um sonho. Espero que elas cresçam num mundo em que você pode ser corajoso, esperançoso, otimista. Que, se houver escuridão à sua volta, você pode ser aquele que acende uma vela.”

Regan é a filha adolescente que é destemida, curiosa, segue os passos do pai como radioamadora, mas que acaba sofrendo a culpa por uma das perdas na família. Regan também é surda. “A morte do pai afeta muito a dinâmica familiar. Regan está deprimida e precisa sair e enfrentar o mundo. Pensa no que o pai faria nessa situação”, disse Simmonds. A atriz, que é surda, comunica-se com a ajuda de uma intérprete e aponta a importância de ter alguém como ela numa série de sucesso como esta. “É inacreditável para mim estar aqui. Eu nunca tive ninguém como eu para admirar. Então é uma grande honra ser parte da comunidade surda, mas também representá-la de maneira correta, educando a sociedade sobre diferentes maneiras de viver.”

Em Um lugar silencioso 2, o espectador vai ter uma ideia de como todo o pesadelo começou, e os Abbotts vão encontrar no caminho Emmett (Cillian Murphy), que não tem muita esperança na humanidade. Mas, como no primeiro filme, não há distopia aqui. Pode se tratar de um mundo após o apocalipse, mas há otimismo. “Todo mundo que me conhece um pouco sabe que eu choro à toa, fico emocionado facilmente. Não havia como eu contar uma história depressiva”, disse Krasinski, que cresceu numa família católica de classe média, nos arredores de Boston. Ele costumava ouvir histórias de como seu avô, que cresceu numa cidade industrial, uma vez deu milhares de dólares a um vizinho doente. “Naquela época, você ajudava o seu vizinho, ele não era um herói por fazer isso. Havia um senso de comunidade”, contou Krasinski.

Para Emily Blunt, esse sentimento está presente no filme. “Eu acho que as pessoas sentem no ar, em escala global, essa coisa de fronteiras se fechando, de não estender a mão a seu vizinho”, disse a atriz. “O filme é bastante esperançoso, na minha opinião porque os personagens descobrem que os seres humanos têm um desejo inato de comunhão, sentem necessidade de estar juntos.” Mal sabiam eles que, mais de um ano depois, esse sentimento seria mais necessário do que nunca.

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