Urnas: A pesquisa da pesquisa

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
E hoje à noite sai a primeira pesquisa do segundo turno, elaborada pelo Ipec a pedido da Globo

Dizem que errar é humano, mas tudo tem limites. O erro tem de servir para ser corrigido. Não é impossível que haja pesquisas nacionais compradas, mas é improvável: é muita gente envolvida, coordenação entre diversas empresas, dificílima viabilidade. E, pior ainda, as empresas reduzem sua credibilidade perante o mercado. O mais provável é o erro.

Relembrando: a Ford, inconformada com a perda da liderança do mercado para a GM, decidiu lançar um carro imbatível. Fez uma pesquisa nacional e apurou que os consumidores queriam um carro discreto, econômico, familiar. Lançou o Edsel, com o nome do herdeiro da empresa. Um notável fracasso: o pesquisado respondia àquilo que imaginava ser o que se esperava dele, mas na verdade queria um carrão chamativo, de alta potência, símbolo de sucesso, de status. A empresa de pesquisas Gallup passou a usar perguntas que indicavam contradições entre o desejo real e a resposta, digamos, politicamente correta. Houve também as pesquisas que indicavam a vitória do candidato republicano Thomas Dewey contra o presidente Truman, com vantagem tão grande que houve jornais que cravaram Dewey presidente. De novo, houve modificações na metodologia das pesquisas.

Aqui está na hora de fazer isso. Pode ter havido mudanças de última hora, é verdade; é parte do jogo. Mas voto envergonhado, resposta contraditória, tudo tem de ser detectado. A confiabilidade exige uma reformulação.

Por falar nisso

E hoje à noite sai a primeira pesquisa do segundo turno, elaborada pelo Ipec a pedido da Globo. A margem de erro prevista é de 2 pontos percentuais.

A batalha dos apoios

A pesquisa que não erra, a das urnas, coloca Lula com seis milhões de votos à frente de Bolsonaro. Mas Bolsonaro demonstrou muito mais força do que se esperava e está em campanha pesada. É jogo aberto. Conseguiu o apoio dos governadores de Minas e do Rio, eleitos no primeiro turno, rachou o PSDB de São Paulo. Lula conseguiu o apoio de Ciro Gomes e de Simone Tebet, aproximou-se de parte do empresariado. Mas há dois fatos inegáveis: o primeiro, Bolsonaro bateu Lula em São Paulo, berço político do petista e do PT; segundo, o surpreendente desempenho de Bolsonaro coincidiu com a maior queda do dólar desde 2018 e a Bolsa teve seu melhor dia em dois anos. Mais do que coincidência, isso indica que o mercado viu com bons olhos a alta do bolsonarismo. E, aparentemente, a chuva de apoios ao voto útil em Lula não rendeu muito em termo de votos.

Cartas na mesa

É provável que o mercado não seja tão bolsonarista quanto parece, e sinta também a necessidade de entender melhor o que Lula pretende fazer na área econômica. “La garantía soy yo” é pouco. Agora, Lula precisa mostrar quais são seus planos, tornar-se mais previsível, abrir-se para conversas sobre o que pensa sobre gastos, inflação, desestatizações, agronegócios e coisas semelhantes. Bolsonaro não é mistério: seu governo é assim mesmo.

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