Adeus à ordenação de mulheres

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Vaticano fecha a discussão sobre a possibilidade de instituir o sacerdócio feminino

Para quem ainda achava que o papa teria mudado de ideia sobre a ordenação de mulheres, estava enganado. Na última terça-feira (2), a reforma do livro 6 do Código de Direito Canônico ?” a carta magna das leis da Igreja ?” trouxe uma surpresa nada agradável para aquelas que ainda aguardavam, esperançosas, a oficialização dessa abertura na era Francisco. Roma locuta, causa finita (em português, “Roma falou, o caso está encerrado”)a frase de Santo Agostinho que alguns gostam de aplicar nessas situações.

O Vaticano bateu o martelo, colocando uma pedra em cima de todo e qualquer debate em torno da proposta. E a pena para quem tentar infringir a norma é uma das máximas aplicadas pelo catolicismo, como mostra o novo artigo 1379, 3:

“Seja aquele que tentar conceder a ordem sagrada a uma mulher, seja a mulher que tentar receber a ordem sagrada, será aplicada a excomunhão latae sententiae, reservada à Sé Apostólica; além disso, o clérigo envolvido poderá ser punido com a demissão do estado clerical”.

Recentemente, o próprio papa Francisco foi categórico em afirmar que não era a favor da ordenação das mulheres. E expressou o mesmo parecer em todas as vezes que foi questionado.

A última vez em que ele tocou no assunto foi no livro Vamos sonhar juntos, publicado em dezembro de 2020. Embora admitisse que incluir mulheres em mais cargos de liderança no Vaticano fazia parte do seu programa de governo, já sinalizava que não pretendia, por outro lado, “clericalizá-las”.

“As mulheres que nomeei estão lá devido às suas qualificações e experiência, mas também para influenciar a visão e a mentalidade da burocracia da Igreja. Em muitos casos, convidei mulheres para serem consultoras de organismos do Vaticano, para que atuem no Vaticano e ao mesmo tempo conservem sua interdependência com a instituição. Mudar a cultura institucional é um processo orgânico, que exige integrar as perspectivas femininas sem as clericalizar”.

E a comissão sobre o diaconato feminino, como fica? Os estudiosos que a integram seguem fazendo seus questionamentos. O grupo de estudos não foi extinto e permanece com o aval pontifício para elaborar seu próprio dossiê. É bem provável que durante a realização do Sínodo sobre a sinodalidade, que começa em outubro deste ano, e se estende até 2023, o resultado da pesquisa seja encaminhado, por escrito, ao papa.

Com a publicação desse artigo do Código de Direito Canônico, ficou mais claro que, se o diaconato feminino for instaurado, não terá a forma de uma “instituição clerical”. As recentes decisões do pontífice, ao criar o ministério de catequista e abrir os ministérios do acolitato e leitorato às mulheres já foram passos dados nessa direção.

Isso porque, no cristianismo primitivo, é certo que as diaconisas existiram. As fontes comprovam. Por outro lado, a dúvida era se, de fato, elas faziam parte do clero, como os homens. Uma resposta difícil de alcançar diante da escassez de documentação sobre o tema. Agora fica a cargo dos ‘historiadores do papa’ desvendar esse mistério.

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