Censura e revisão histórica marcam a política do presidente Xi Jinping

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Partido foi responsável por retirar 800 milhões de pessoas nos últimos 40 anos

O governo chinês mantém o controle da história e também um rigoroso controle sobre os meios de comunicação e a internet no país, usando um sistema de firewall conhecido como “escudo dourado” que bloqueia o acesso a sites que disseminam determinados termos. A repressão a dissidentes e opositores do Partido Comunista Chinês (PCC), com prisões e detenções arbitrárias, também ganham força sob a liderança de Xi Jinping, o poderoso comandante do PCC.

Cem anos depois da fundação clandestina do movimento na antiga Concessão Francesa de Xangai, em julho de 1921, o presidente Xi insiste regularmente na necessidade de ensinar “uma visão correta” da história do PCC. Esta campanha deu lugar a uma moda do “turismo vermelho” nos pontos emblemáticos da revolução chinesa e a filmes e séries de TV que glorificam os pioneiros do comunismo.

A versão ensinada agora está muito diferente na edição mais recente da história oficial do Partido, na qual os 10 anos de violência política da “Revolução Cultural” (1966-76) ocupam apenas três páginas.

Também foram deixadas de lado a Grande Fome (1958-62) e as dezenas de milhões de mortos em consequência do “Grande Salto Adiante”, uma campanha de desenvolvimento econômico a marcha forçada. O livro faz menção apenas de passagem, referindo-se a um “desastre natural”.

No exterior, a maioria dos especialistas em história chinesa estima entre 40 milhões e 70 milhões o número de pessoas mortas em decorrência da política do partido desde sua chegada ao poder em 1949, pelos expurgos, a fome causada pelo Grande Salto para a Frente, a repressão no Tibete, a Revolução Cultural, o massacre de Tiananmen e outros.

Em contrapartida, o PCC também é responsável pelas políticas que proporcionaram o salto de desenvolvimento da China nas últimas quatro décadas, a partir do plano de abertura econômica iniciado por Deng Xiaoping, que transformou um país majoritariamente rural em uma das principais potências tecnológicas e econômicas do mundo – em vias de se tornar a maior economia do planeta.

Em fevereiro, o diretor do Banco Mundial para a China, Martin Raiser, afirmou que o crescimento econômico da China também permitiu a melhora de vida de milhões de pessoas. “Durante os últimos 40 anos, o crescimento econômico da China permitiu que mais de 800 milhões de chineses saíssem da pobreza extrema. É uma conquista extraordinária.”

Nos meios de comunicação, a crítica ao passado é chamada de “niilismo histórico” e é rapidamente censurada. “Debater sobre a era maoísta é impossível na China atual”, resume a historiadora Julia Lovell, da Universidade de Londres. “Para Xi Jinping, o culto a Mao é uma forma de aumentar o controle do Partido, de celebrar uma filosofia de luta sem escrúpulos contra os oponentes e de centralizar o poder pessoal”, comentou. (AFP)

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