Governador do Pará se equilibra entre a defesa de projetos criticados por ambientalistas e um discurso para uma nova economia verde, de olho na COP 30 (cúpula do clima da ONU), que será realizada em 2025 em Belém
REPÓRTER BRASIL – Belém, Pará – No dia 12 de maio, tarde de uma sexta-feira, o Palácio dos Despachos, sede do governo do Pará, foi palco de uma reunião tensa. O governador Helder Barbalho (MDB) convocou os prefeitos dos 20 municípios com as maiores taxas de desmatamento. Entre eles, ícones da devastação amazônica, como Altamira, São Félix do Xingu, Pacajá e Novo Progresso. Fazendeiros encrencados com a fiscalização ambiental também marcaram presença.
O encontro, sem registros oficiais, evidenciou a delicada linha que Helder Barbalho tem percorrido para equilibrar sua gestão entre a defesa da floresta em pé e os interesses econômicos que assolam a Amazônia.
Na COP 28, em Dubai, o governador busca consolidar sua imagem como líder político ambiental, enquanto nos bastidores, a pressão por flexibilizar as fiscalizações ambientais no Pará ganha destaque. Este esforço ambíguo se refletiu na reunião de maio, onde representantes do Ibama foram instados a aliviar as autuações, sob ameaça de perda milionária para prefeitos e fazendeiros.
Boi e voto: O político criador de gado e o empresário da comunicação
Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho (MDB-PA), nunca foi um “ambientalista”. Seu patrimônio declarado de R$18,7 milhões é alimentado principalmente por sua atividade como criador de gado, apontada como uma das principais causadoras do desmatamento na Amazônia.
Além da pecuária, Helder tem os pés na comunicação, com participações em rádios, TV e empresas de telecomunicação. Seu envolvimento na política começou aos 21 anos, quando se elegeu vereador, seguindo para a prefeitura de Ananindeua, tornando-se o prefeito mais jovem da história do Pará. Sua ascensão continuou em Brasília, onde ocupou cargos ministeriais antes de ser eleito governador em 2018, reelegendo-se no ano passado com mais de 70% dos votos.
Aposta no meio ambiente: Entre projetos e contradições
Apesar de suas raízes no agronegócio, Helder Barbalho defende projetos criticados por ambientalistas. A Ferrogrão, que visa beneficiar o agronegócio, e a extensão da Ferrovia Norte-Sul, ambas enfrentam resistência da ala ambiental. Além disso, seu apoio à refinaria de ouro North Star, envolta em polêmicas, e o projeto de aprofundamento do rio Tocantins geram críticas.
Mesmo com contradições, o relacionamento de Helder com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, permanece estável, indicando uma aliança efetiva no combate aos crimes ambientais.
Críticas a Bolsonaro e virada eleitoral: Da mudança de tom ao protagonismo internacional
A relação de Helder com Jair Bolsonaro mudou quando o Pará correu o risco de um embargo europeu devido ao desmantelamento do Fundo Amazônia. O governador, ao subir o tom contra Bolsonaro, passou a negociar diretamente com financiadores estrangeiros.
Apesar de suas ações tardias, Helder surfou na onda de combate aos crimes ambientais em ano eleitoral, destacando a proteção da floresta como uma de suas bandeiras. A escolha de Belém para sediar a COP 30 impulsionou seus interesses políticos, consolidando-o como uma voz política relevante na agenda ambiental.
Atualmente, Helder Barbalho almeja uma posição de destaque na política nacional, apoiando a candidatura de Lula para 2026 e sendo cogitado como futuro concorrente ao Palácio do Planalto.
Nota: A reportagem enviou questionamentos ao governador Helder Barbalho, mas não obteve resposta até o momento.
Se o filho tem esse patrimônio declarado, imagina o pai, e a mãe que há décadas também é política. Alguém sabe qual a treta do filho que é Ministro das cidades. Será que vai ser candidado a presidente, ou senador?, pois o pai já está a décadas, chegado a hora de entregar a coroa. Pra quem?