Globo de braços dados com a ditaduras do Brasil e do Chile
REVISTA FÓRUM – Jornalismo a la carte, à vontade do freguês, com matérias favoráveis determinadas pelo departamento de Comunicação da ditadura assassina do general Augusto Pinochet. Isso ofereceu O Globo à ditadura chilena em 1975, segundo livro “O Brasil contra a Democracia – A ditadura, o golpe no Chile e a Guerra Fria na América do Sul”, de Roberto Simon.
Segundo reportagem de Jamil Chade no UOL, o jornalismo de O Globo, através de seu diretor da sucursal do jornal em Brasília Arnaldo Nogueira, ofereceu matérias favoráveis à ditadura por um total de US$ 248 mil (quase US$ 1,2 milhão em valores corrigidos pela inflação nos EUA).
De acordo com os documentos, a oferta dividia-se em duas alternativas. A primeira era publicar um caderno especial de 36 páginas sobre o novo Chile. “O outro caminho possível seria pagar quase US$ 6 mil por reportagens individuais. Um pacote com vinte matérias sairia por menos de US$ 120 mil (US$ 530 mil atuais)”.
Este é o jornalismo dito imparcial que a mídia corporativa nos oferece. Por debaixo dos panos, venda de matérias favoráveis a uma ditadura sangrenta, que, segundo a Comissão Valech, matou ou desapareceu com 40.280 chilenos, números que muitos consideram modestos — há quem os estime em 100 mil.
Aqui no Brasil, as Organizações Globo prosperaram de braços dados com a ditadura, literalmente, como mostra a imagem do chefe do grupo, Roberto Marinho, com o ditador João Figueiredo, aquele que disse que preferia o cheiro dos cavalos que o do povo brasileiro.