Niamey considerou as ações hostis de Paris, enquanto se prepara para um possível ataque da CEDEAO
O governo militar do Níger ordenou na sexta-feira que o embaixador francês Sylvain Itte deixasse o país em 48 horas. O Ministério das Relações Exteriores nigeriano justificou a decisão pelo fato de Itte não ter respondido ao convite para uma reunião e por “outras ações do governo francês contrárias aos interesses do Níger”.
A expulsão do embaixador ocorre um mês depois de o governo militar da antiga colônia francesa, liderado pelo Brigadeiro-General Abdourahamane Tchiani, depor o presidente Mohamed Bazoum. Em resposta, 11 membros da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sancionaram o Níger e ameaçaram uma intervenção militar para “restaurar a democracia”.
A Guiné recusou-se a acompanhar as sanções, enquanto os vizinhos Mali e Burkina Faso afirmaram que considerariam tal intervenção um ato de guerra contra eles. Na quinta-feira, o Níger autorizou os dois países vizinhos a virem em sua defesa caso a CEDEAO invadisse.
“Os três países concordaram em conceder facilidades mútuas de assistência em questões de defesa e segurança no caso de agressão ou ataques terroristas”, afirmou um comunicado conjunto dos ministérios das Relações Exteriores dos países.
O Ministro das Relações Exteriores do Mali, Abdoulaye Diop, e sua colega de Burkina Faso, Olivia Rouamba, também condenaram as sanções “ilegais, ilegítimas e desumanas” impostas ao Níger pela CEDEAO e pela União Econômica e Monetária da África Ocidental (UEMOA).
Omar Alieu Touray, presidente da Comissão da CEDEAO, disse à AP que as sanções resultaram em “sérias crises socioeconômicas” no país, mas que foram “em benefício do povo do Níger”.
A CEDEAO anunciou repetidamente planos finais para uma intervenção militar, ao mesmo tempo que continua enviando missões diplomáticas a Niamey. Na quinta-feira, uma delegação de líderes islâmicos foi enviada ao Níger pelo presidente nigeriano Bola Tinubu, que também preside o bloco.
No início desta semana, o General Tchiani delineou uma proposta para retornar ao governo civil, que levaria “no máximo três anos”, mas alertou os vizinhos e a França para não interferirem nos assuntos internos do Níger.
A CEDEAO rejeitou a oferta, exigindo a reintegração imediata de Bazoum. Touray disse à AP na sexta-feira que a opção militar ainda estava “em cima da mesa”.