Lloyd Austin e Mark Milley acionaram seus colegas russos pela primeira vez em meses
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, procurou seu colega russo, Sergey Shoigu, na quarta-feira, pela primeira vez em meses, para discutir o incidente em que um drone espião americano caiu nas águas do Mar Negro, perto da Crimeia.
De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, Shoigu disse a Austin que o incidente foi causado pelos americanos violando a restrição do espaço aéreo da Rússia, com todas as notificações internacionais adequadas em vigor. Shoigu chamou os voos de drones dos EUA na costa russa de “natureza provocativa” e prometeu escalar as tensões no Mar Negro.
Embora a Rússia não deseje tal cenário, ela “continuará a responder proporcionalmente a todas as provocações”, disse Shoigu. Ele acrescentou que as duas potências nucleares “devem agir com a maior responsabilidade possível”, o que inclui manter um canal militar aberto para discutir qualquer crise.
Falando em uma coletiva de imprensa do Pentágono, Austin confirmou que fez a ligação e disse que era “importante que as grandes potências fossem modelos de transparência e comunicação”. No entanto, ele insistiu que os EUA “continuariam a voar e operar onde quer que a lei internacional permitisse”.
A última vez que Shoigu e Austin se falaram foi em outubro de 2022. Os principais oficiais militares também conversaram sobre o assunto, com o general americano Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto, entrando em contato com seu homólogo russo, general Valery Gerasimov.
Na terça-feira, o Comando Europeu dos EUA afirmou que dois jatos russos Su-27 realizaram uma “interceptação insegura e amadora” de um drone MQ-9 Reaper, que estava conduzindo uma missão de inteligência, reconhecimento e vigilância (ISR) em águas internacionais sobre o Mar Negro. De acordo com os militares dos EUA, um dos aviões atingiu a hélice do drone, obrigando os operadores a jogar o dispositivo na água.
O Ministério da Defesa da Rússia, no entanto, disse que em nenhum momento nenhum dos interceptadores fez contato com o drone ou usou suas armas de bordo. O UAV parou e caiu depois de executar uma manobra abrupta, disse Moscou.
O embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, disse ao Departamento de Estado que os drones americanos não têm negócios tão perto da fronteira russa. O drone estava a apenas 60 quilômetros da costa da Crimeia quando caiu.
Os EUA operam drones e outras aeronaves de vigilância perto da fronteira russa há mais de um ano, fornecendo inteligência e informações de alvos ao governo ucraniano – junto com armas, munições e dinheiro – enquanto insistem que não fazem parte do conflito. Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança da Rússia, disse na quarta-feira que o incidente do drone foi “mais uma confirmação” de que os EUA estaão diretamente envolvidos.